domingo, 20 de janeiro de 2013

Capítulo 19: "Quero fazer-te um pedido muito especial"


(Rita) 


Assim que digo estas palavras o André foge do quarto, o meu primeiro instinto foi segui-lo mas acabei por optar pelo meu filho, que não teve atitude nenhuma, apenas ficou paralisado. Não queria perder nenhum dos dois mas por enquanto era mais importante tranquilizar o meu filho, não queria que se sentisse desamparado de forma alguma por isso abracei-o e dei um beijinho na bochecha e disse:

-Filho ficaste muito magoado com a mãe? – Ele acenou positivamente com a cabeça quando estava chateado não falava. – E posso saber o porquê meu amor? – Queria dar-lhe um beijinho mas ele fugiu e sentou-se na cama e respondeu:

-Poque tu gotas muito do Andé e ele gota de ti muito mamã. Eu vi que vocês deam o beijinho e não fico tiste, fico feliz poque assim ficam felizes e eu também. Quia que fossem namoados. – Não tive reacção a não ser abrir a boca, o meu filho achava que o André me trazia a felicidade que não tinha antes do seu aparecimento. – E o Gomas ficou tiste poque disseste que eam só amigos. Vai falag com ele poque ele ficou tiste eu pometo que poto bem aqui sozinho! – Fiquei sem reacção possível, o meu filho é uma máquina de surpresas! Quem diria que com 3 anos já me daria lições sentimentais.

-E como é que sabes que o André gosta muito de mim? – Perguntei a medo, eles mal se conheciam, mais ou menos porque já se conhecem há algum tempo mas só agora é que começaram a ter uma relação próxima.

-O Andé pediu-me segedo não te posso contag. Mas vai teg com ele poque deve tag tiste. – Dei-lhe um beijo e ia dar-lhe o recado para que se portasse bem mas ele antecipou-se. – Eu vou pa sala ouvig os bonecos e eu poto bem. Xau beijinhos. – Levantou-se e foi para a sala, acompanhei-o para me certificar que estava bem mas consigo espreitar por uma pequena porta que havia na sala, discreta mas os cortinados não enganavam. A porta estava aberta e os cortinados voavam com o vento, não tinha a certeza mas decidi espreitar, não perdia nada em descobrir uma zona que o André não nos tinha apresentado.
Assim que lá cheguei sentei-me ao seu lado, ele olhou para o outro lado, fiquei com uma vontade de me levantar, agarra-lo, encosta-lo á parede e beijá-lo como se nada tivesse acontecido, como se não existisse mais nada mas não podia… Ele estava em silêncio e vi pela sua cara que não estava bem decidi falar embora lutasse contra o meu orgulho:

-Podes-me explicar que segredos tão secretos são os que tens com o teu filho? – Ele sorriu mas nada respondeu já me estava a começar a enervar aquele silêncio. – Não queres falar não fales o problema é teu quero ver que justificação vais dar ao David para o teu desprezo súbito. – Esperei algum tempo como não tive resposta levantei-me para me ir embora, o mínimo que podia fazer era responder á minha pergunta, tão simples e claro como água. Nunca pensei que ele fizesse isso. Mas assim que me levanto ele fala:

-Vais onde? – Decidi não responder iria desprezá-lo do mesmo modo que ele me fez a mim, seria provar o sabor da vingança. Mas parei para o ouvir talvez tivesse algo mais a dizer. – Anda para aqui princesa da minha vida. – Abriu as pernas de maneira a que fosse para lá. Não resisti, precisava e necessitava do seu calor humano. Sentei-me no meio das suas pernas e ele encostou os lábios á minha orelha e sussurrou:




-Pequenina é um segredo meu e do David não te posso mesmo dizer. – Deu-me um beijo na bochecha mas um beijo extremamente carinhoso e duradouro. – Mas descansa que não é nada de mal antes pelo contrário é algo muito bom. Mas estava á espera que depois de o David nos ter visto que finalmente dissesses ao menino que somos amigos. – Fez aspas com os dedos assim que disse a palavra amigos, decidi corrigi-lo:

-Eu pedi para irmos com calma como te lembras. – Ele acenou positivamente com a cabeça, encostei-me ao seu ombro e olhamo-nos olhos nos olhos com pouca distância de diferença. – O David nunca teve um padrasto sempre foi habituado a ser o único homem da minha vida e tenho medo que a ideia de me partilhar contigo não lhe vá agradar. Tem uma madrasta mas é diferente porque é comigo que ele vive. – Fiz uma pausa breve. – E não é só isso André, nós conhecemo-nos há 19 anos! Partilhamos tudo és o meu melhor amigo, o meu amigo de infância, o meu companheiro de vida, nunca imaginei vir a apaixonar-me por ti. – Os olhos dele brilhavam mas mesmo assim não consegui nem quis que ele reagisse, o contexto da frase não era esse, secalhar expressei-me mal mas vou tentar corrigir. – Sim, sinto algo que nunca senti por ti sem dúvida alguma! Mas ainda não posso dizer que estou apaixonada, tenho os meus sentimentos muito confusos, quero levar tudo um passo de cada vez. Tenho medo que não resulte e que depois nos arrependemos porque perdemos uma amizade e um amor e não somos só nós André! Pensa no David como ele ficaria infeliz se nos separássemos, eu sou mãe e tenho 19 anos o meu filho tem 3 anos de certeza que encontras um pessoa melhor para te apaixonares e com certeza não queres educar um filho que não é teu com 19 anos, é uma responsabilidade muito grande! Como podes ver são tudo argumentos contra nós. – Disse suspirando. Ele deu-me um beijinho no pescoço que me arrepiou. Respondeu:

-Amor… - Olhei-o. Era a primeira vez que ele me tratava por amor porque realmente o sentia. – O David adora-me do mesmo modo que eu adoro aquele menino, é muito especial sem dúvida. Compreendo o que sentes e estou disposto a esperar até entenderes mas eu já não consigo estar sem ti entendes? Tenho medo de te perder como perdi até há bem pouco tempo. – Ainda não me era indiferente falar sobre a nossa distância durante tanto tempo. – Também me custa assumir para mim mesmo que sinto este amor, no meu coração mas é verdade eu sinto-o e não o vou negar. Claro que também tenho medo que a nossa relação não resulte e que percamos tudo mas sabes o que nós sentimos é muito forte e estou disposto a arriscar e a lutar, se tentarmos logo veremos só o destino nos pode dizer. Não quero encontrar uma pessoa melhor para me apaixonar eu quero-te a ti, não sou pai nem sei educar uma criança mas contigo e com o David quero aprender e tratá-lo-ei como se fosse meu mas não vou nem quero tirar o papel ao pai dele. – Abracei-o. Mas perdida nos seus braços a minha mão voa para a sua face, não resisto e beijo-o um beijo sentido e calmo. 

-Tu és o homem mais incrível que existe! – Demos um beijinho á esquimó. – Eu adoro-te muito mesmo mas vamos dar tempo ao tempo por favor. Mas olha primeiro quero fazer-te um pedido muito especial.


Que pedido terá Rita para fazer a André?
Será que aceitará? Depois da conversa como irá correr a despedida?


sábado, 19 de janeiro de 2013

Capítulo 18: "Passinhos de bebé, mas avançando"

(Ana)


Vontade de ir trabalhar não a tinha…queria ir para o Caixa, mas não queria nada ter que ir trabalhar, mas tem de ser se quero chegar ao fim do mês com emprego. 
A manha decorreu super tranquila. O treino dos jogadores da equipa principal tinha sido à porta fechada, pelo que não causou grande alvoroço. 
Quando o treino terminou não demorou muito para que alguns dos jogadores começassem a aparecer, entre eles, um grande amigo meu: o Garay.

- Buenos dias! – disse ele entrando no meu local de trabalho. 

- Buenos dias – dei-lhe dois beijinhos – já sabes que não devias estar aqui dentro. 

- Porque o nosso chefe pode não gostar…já sei dessa conversa, mas só vim dar dois beijinhos. Agora volto a sair – ele saiu e ficou à minha frente, apoiado no balcão – como é que vão as coisas? 

- Que coisas? 

- Sabes bem do que falo…do caso RR – “caso RR” era igual a caso Roberto e Rodrigo.

- O Roberto esteve cá. Começou a namorar com a Elena. 

- E veio cá fazer exactamente o que? 

- Dizer-me e almoçar comigo.

- E o Rodrigo? 

- Já estamos mais próximos…ele já sabe de tudo…tudo mesmo. Que estou a gostar dele, que andei com o Roberto e que ainda o amo.

- Contaste-lhe tudo? Finalmente!

- É… - vi que o Garay ficou contente por mim, mas a chegada da sua cara metade deixou-o ainda mais feliz. 

- Hola cariño! – Disse-me a Tamara, depois de cumprimentar o Garay. 

- Hola! Tinha saudades de vos ver aos dois juntos. 

- É…agora com a escola a Tami anda mais ocupada, mas agora vais vê-la mais vezes, mas agora nós vamos almoçar. Queres vir? 

- Não…vou esperar por uma pessoa. 

- Faz isso. 

- Vemo-nos depois! – Despedi-me dos dois com dois beijinhos a cada um. 

Continuei por ali ainda a tratar de uns quantos telefonemas e emails. Os jogadores já tinham saído praticamente todos…só faltava o Rodrigo mesmo. 
Passou mais algum tempo e lá passou ele pela recepção…ia distraído e nem me ouviu a chama-lo. E eu…eu queria falar com ele…queria estar com ele. 
Fui até ele e puxei-o pela mão. Ele olhou-me e estava triste. 

- Que se passa Rodrigo? Chamei-te…

- Me desculpa…não estou com cabeça pra nada…

- Passou-se alguma coisa?

- Mais ou menos. 

- Queres falar? Podemos ir almoçar…

- Podemos.

- Vou só buscar as minhas coisas. 

Fui até à recepção e trouxe as minhas coisas. Fui com o Rodrigo no meu carro e levei-o a almoçar a um dos meus sítios preferidos para comer quando estou mais em baixo. O Starbucks. Não seria o sítio ideal para um almoço típico, mas tinha de anima-lo de alguma maneira e comer doces é o que me anima.


- Que se passa Rodri? – Escapou-se a maneira como eu o sempre tratei, interiormente.

- Cê me chamou de Rodri…

- É o teu diminutivo. Mas…queres falar? 

- Sim…é que…eu pensei que ia passar o Natal com a minha família, mas eles não vão puder vir…e eu também não tou podendo sair de cá.

- Oh…mas o Benfica dá os dias do Natal…e há a paragem do campeonato. 

- Sim, mas é que…eu quero ficar cá. Queria fazer o meu Natal…junto de você.

- Comigo? Mas…a tua família é mais importante…e esta data é para passar em família. 

- Sim…mas eu queria passar consigo, com o Davi e com sua prima…também com minha família, por isso eles vinham cá. 

- Estás a fazer-me sentir mal…é por minha causa que estás assim…

- Por favor…não queria nada disso – ele aproximou a sua cadeira da minha e agarrou-me pela mão – eu só tava pensando que podia ser diferente esse ano. Eu na passagem do ano vou para Espanha com eles e queria que no Natal tivesse junto consigo e com eles…

- Até lá ainda tens muito tempo para os convencer.

- E a você? Convenço?

- A que? 

- A passar o Natal e a passagem de ano comigo. 

- Se passares o Natal cá com a tua família não vejo porque não possamos estar juntos…quanto à passagem de ano…eu não tenho muito dinheiro para ir para Espanha. 

- Cê não tem que preocupar com isso…eu levo você, sua prima, o André e o Davi.

- Que? 

- Sim…tou pensando em fazer isso com vocês. 

- E…

- A gente tem tempo pra combinar…não precisa de ser já. 

Continuamos o nosso “almoço”, para quando o terminamos voltar para o Caixa. 
O Benfica tinha hoje dupla sessão de treinos, e eu tinha o meu horário para cumprir.

- Cê sabe o que me está a apetecer fazer nesse momento? – perguntou o Rodrigo quando chegamos ao Caixa. 

- Treinar!? 

- Também…mas…tava pensado noutra coisa – e nisto, puxa-me para ele, beijando-me. Ali…sem medos nem vergonhas, no meio do átrio do Caixa com a possibilidade de entrar a equipa toda. 
O que aconteceu…não só ouvimos logo bocas dos colegas dele, como do mister. 

- Vamos lá ver se agora no treino da tarde não anda tão distraído o menino – disse o JJ dando um calduço ao Rodrigo – meta-se já a caminho do balneário – ordenou o mister. Eu ri-me e o Rodrigo também. Olhou-me e foi para o balneário juntamente com os colegas – e a menina! Tenha em atenção aquele moço! E…posso pedir-lhe um favor? 

- Diga mister. 

- Divirta-se com o espanhol brasileiro. Todos sabemos que desde o Roberto… - o mister era mais uma pessoa que sabia. E sempre esteve disposto a brincar comigo nessa situação. 

- Fique descansado mister – voltei ao meu posto de trabalho, mas aquilo estava tão tranquilo, que aproveitei que estava cá uma colega minha para ir ver o treino do Benfica. 
As trocas de olhares entre mim e o Rodrigo eram…intensas. E as bocas eram mais que muitas, mas o dia de hoje estava todo ele ser completamente fora do meu controlo e eu estava a amar. Estava a amar não ter controlo nos impulsos do Rodrigo, das bocas dos jogadores da equipa e do mister. 

Será que os dois, finalmente, assumem o que sentem?
Terão, um Natal em família?

domingo, 13 de janeiro de 2013

Capitulo 17: "Somos só amigos"


(Rita)

Fomos para a sala e o Rodrigo e a minha prima estavam a falar e decidi em conjunto com o André dar-lhes privacidade, mas ainda era cedo, bastante cedo mas como não poderia ficar em casa acabei por sair com os meus homens para destino incerto. Saímos de casa e do prédio e já na porta o André pega no David ao colo e dá-lhe um beijinho e pergunta para mim e para o piolho:

-Que é que acham os meus amores de irmos até minha casa? – Não esperava aquele convite mas era tão cedo e não ia ficar na rua com o meu filho num frio dia de Inverno. O David acena muito alegre com a cabeça e respondeu:

-Shim Andé, shim! – E depois daquela resposta muito pronta do David não poderia recusar. O André olhou para mim á espera que respondesse, acabei por o fazer sem pensar:

-Mesmo se dissesse que não já não poderia fazer nada por isso vamos lá. – Tirei o David do colo do “Gomas” e ia coloca-lo á cadeirinha quando o menino pergunta:

-Oh mãe posso ir no popó com o Gomas? 

-E a mãe vai sozinha? – Perguntei eu enquanto o André assistia á conversa e decidiu meter-se:

-Claro que não vais sozinha tolinha. – Colocou-se atrás de mim quando tirava o cinto ao David e colocou as mãos sobre a minha barriga, sentia o seu toque que me fazia arrepiar, senti um arrepio atravessar-me a espinha. – Vais no carro comigo e com o príncipe e assim já não vais sozinha.

-Vocês uniram-se os dois contra mim, foi? – Os dois acenaram positivamente com a cabeça. Cada um deu-me um beijinho numa bochecha. Sorri, era muito importante eles dois serem amigos porque no futuro quem sabe não seriam padrasto e enteado.
Peguei na cadeirinha e instalei-a no carro do André, que era… Diferente do meu! Era mais potente, maior e mais caro. Não que não goste do meu aliás adoro mas era como comparar algo incomparável era como parar o dia e a noite. Sentamo-nos e pusemo-nos em condições, o André ligou o rádio e estava a passar música diferente da que o David estava habituado a ouvir, não era mais animada mas era mais calma e a letra era mais forte, Jason Mraz ft Colbie Caillat – Lucky.
O David estava a brincar com um brinquedito e a dançar a música, eu cantava sempre o refrão, não aguentava não o fazer. Aquela música retratava um amor entre amigos. Um amor entre melhores amigos, já a conhecia, mas nunca pensei que se adequa-se tanto a uma fase da minha vida. Se calhar ainda me custa admitir que talvez eu e o meu melhor amigo gostamos um do outro desta forma especial. Talvez ainda não esteja apaixonada, mas já sinto aquelas “borboletas” no coração e quando ele me beija sinto-me nas nuvens, quando ele trata o meu filho como sendo seu eu sinto que realmente somos uma família, quando esta noite dormimos lado a lado eu senti algo que nunca tinha sentido por ele. O André atreve-se a cantar algumas estrofes de que pertenciam ao Jason Mraz, embora as cantasse baixinho e só eu e ele ouvíamos era o suficiente para o meu coração bater como se não houvesse amanhã. Cantava num tom angelical:

«They don't know how long it takes
waiting for a love like this
Every time we say goodbye
I wish we had one more kiss
I'll wait for you I promise you, I will

And so I'm sailing through the sea
To an island where we'll meet
You'll hear the music, fill the air
I put a flower in your hair» Jason Mraz ft. Colbie Caillat - Lucky

Antes da música terminar o David diz:

-Mamã poque tão a canta esta música? – Olhei para trás e observei muito curioso com os seus brinquedos e com tudo o que o rodeava.

-Porque a mamã gosta muito dela e o André cantou porque é um pateta! – O André sorriu. 

-Oh mãe não chames isso ao Andé poque eu goto muito dele! – Cruzou os braços e fez “trombinhas”. – E tu mamã gotas dele como gotas de mim? – Perguntou curioso. Aquele menino hoje estava com muitas perguntas hoje. O André olhou pelo canto do olho embora ainda conduzisse estava a ouvir toda aquela conversa, colocou a música o mais baixo possível para ouvir a resposta.

-São gostares diferentes, meu bem. Tu és meu filho eu amo-te muito, muito és o meu orgulho, o meu grande amor e és o meu filho favorito! – Disse de forma cómica.

-E único! – Concluiu o André.

-Gosto muito, muito do André. – Disse pausadamente. – Conheço-o desde que me lembro, é uma excelente pessoa, um grande homem, o meu melhor amigo, o meu fiel companheiro. – Eu e ele trocamos olhares cúmplices, como o carro já estava estacionado pudemos fazê-lo confortavelmente. – Mas sabes meu amor tive muito tempo sem ver o André e agora que nos reencontramos o sentimento aumentou, gosto ainda mais dele. – Dei-lhe um beijo na bochecha e ele colocou a mão sobre o meu soutien, mas sobre a t-shirt. Arrepiei-me. Coloquei a minha mão sobre o seu peito e quando ele já se afastava puxei-o contra mim e dei-lhe um beijo bem no canto dos lábios. Ele cruzou as nossas mãos, corei como se tornava cada vez mais hábito nas mãos do André. Ele afastou-se, não teria coragem de o fazer, precisava cada vez mais dele de uma forma invulgar, não o amava e de qualquer forma que fosse não estava apaixonada por ele nutria pois um sentimento muito, muito especial. Saímos do carro e o André levou-nos até sua casa, um prédio novo com excelente aspecto  com porteiro á porta que nos falou educadamente, acabamos por subir até á casa do André, era grande e estava arrumada, o David estava deliciado com tudo aquilo, sempre o eduquei para dar valor a pouco, mas o menino gosta de surpreender e depois de ver o quarto do André e de pular na cama animado acaba por perguntar algo que me deixou sem reacção por diversos motivos:

-Mamã, Dê… - Eu e o André estávamos lado a lado e o seu braço passava sobre os meus ombros e o meu braço direito agarrava-o pela cintura, mas fazíamos tudo para o David não ver, por isso estávamos encostados ao sofá. – Posso vive aqui? 

-E vivias aqui só tu e o Dê? – Perguntei eu colocando a mão sobre a perna do David e olhei-o olhos nos olhos.

-Não mamã tu vinhas vive comigo e com o Gomas. Eu domia no quato sozinho e tu domias no quato com o matulão. – Rimo-nos todos. Queria repreendê-lo mas não tive coragem.

-E deixavas a Ana viver sozinha? – Perguntei depois de muito nos rirmos.

-Não mamã ela vinha vive connosco ou ia vive com o Godigo que eles são namoados. 

-Eles não são namorados Dádá. – Respondi eu calmamente.

-Por enquanto. – Disse baixinho o André baixinho mas suficiente audível para todos na sala o ouvirmos.

-E você pouco barulho! – Disse dando um beijo na bochecha do André. – E olhe levante-me esse rabo do sofá e vá-me vestir uma roupa diferente seu porquito. – Sorriu e os dois “Homens” começaram a fazer-me cócegas na barriga, não tinha como me defender mas o David acabou por desistir porque começou o programa que ele tanto gostava. O André levantou-se deu-me a mão e fez-me arrastá-lo até ao quarto, seguiu-o agarrada á sua mão e só tenho tempo de avisar o meu filho entre o caminho que duvido que tivesse ouvido porque estava demasiado concentrado nos bonecos:

-Filho vou á casa de banho e já volto. – Não era verdade mas não lhe ia dizer que ia atrás do André para o quarto para se vestir. 
Assim que chegamos ao quarto ele atira-me para cima da cama que era bem grande e confortável, senta-se ao meu lado e começa-me a fazer cócegas. Entre muitas brincadeiras também lhe faço cócegas, mas o momento acaba virado ao contrário, as ingénuas brincadeiras de amigos tornaram-se em momentos sinceramente românticos. Estava deitada de lado e ele á minha frente, beijávamo-nos várias vezes, umas vezes de formas mais frenética, outras de forma mais calma. As minhas mãos estavam no seu peito e as suas estavam nas minhas ancas, mas apesar de estarmos deitados em cima da cama o momento não pedia mais nada do que aqueles beijos. Já não conseguia recusar, eu precisava daqueles beijos, talvez não fosse seguro porque o David podia aparecer a qualquer momento mas eu necessitava de todos aqueles beijos para me sentir feliz. Depois de muitos beijos ora mais curtos ora mais compridos o André sussurra-me:

-As mais bonitas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar. – Junta as nossas mãos e olha-me atentamente durante bastante tempo. Demos um beijo rápido e ouvimos alguém tossir á entrada do quarto. Logo nos separamos e eu levanto-me para ir ter com o Dádá só podia ser ele. Dar-lhe uma justificação do que tinha visto. O André seguiu-me e baixamo-nos colocamo-nos ao lado e há mesma altura do pequeno e eu digo:

-David isto não é nada do que estás a pensar. – Eles olharam-me pensativos. – Eu e o André somos só amigos. – Notei o ar de desapontado dos meus homens. Para acalmar o André fiz as “aspas” com os dedos, éramos amigos sim mas a nossa definição de amigos era diferente da grande maioria. Não sabia o que fazer, reagi a quente e desapontei neste momento os dois homens mais importantes da minha vida, mas não havia mais nada a fazer, tinha de ser mais valia fazê-los sofrer desta vez, era o mais certo a fazer. 

Como irá ficar a relação de Rita e André destas palavras?
Como reagirá David? Será que irão fazer a vontade ao pequeno e viverem juntos?

sábado, 12 de janeiro de 2013

Capitulo 16: "Tudo Esclarecido?"

(Ana) 


Quando acordei dei pela falta do David na minha cama…seria assim tão tarde?! Eu tinha de ir trabalhar! Sentei-me na cama, olhei para o relógio e ainda era cedo. Provavelmente a Rita tinha vindo buscar o menino para o vestir. Espreguicei-me e foi então que o piolho apareceu: 

- Pima…olha só! – o David apontou para a porta e entrou o Rodrigo. Vinha com um tabuleiro na mão e cheirava a torradas. O David veio a correr ter comigo e deu-me um beijinho na bochecha – o Godigo é que fez a tua papa, mas é pa dizermos os dois bom dia. 

- Bom dia, meu amor – dei-lhe também um beijinho e ele foi para a sala.

O Rodrigo caminhou até à minha cama e pousou lá o tabuleiro. 

- Bom dia – disse ele. 

- Bom dia…tu…o que é que estás aqui a fazer? 

- Eu passei aqui a noite…queria falar consigo antes de ir pró caixa. 

- Posso ir só à sala cumprimentar a minha prima…depois falamos e tomamos o pequeno-almoço? 

- Claro – levantei-me da cama, reparando no meu minúsculo pijama, fui até à sala, mas não estava lá ninguém. 
Esperei um tempo agarrada ao Rodrigo. Precisava de mimo…estou carente, não sei porque acordei assim. Quando a Rita apareceu, apareceu com ela o André…também ele tinha passado cá a noite?! Cumprimentei-os aos dois, mas eles depressa saíram de casa. 

- Parece que tavam com pressa… - comentou o Rodrigo. 

- A pressa deles chama-se…deixar a Ana sozinha com o Rodrigo. 

- Então tão com pressa mesmo – o Rodrigo aproximou-se de mim, agarrando-me pela cintura. Eu coloquei as minhas mãos no seu peito e impedi-o de se aproximar mais. 

- Temos um pequeno-almoço e uma conversa à espera no quarto – afirmei, para de seguida o Rodrigo me soltar e irmos para o quarto. 
Sentei-me na minha cama e comecei a comer. 

- Posso começar já a falar? – Interrogou-me ele. 

- Sim, claro. 

- Bom…é que…ontem na praia, cê falou do seu passado com o Roberto…e a forma como ele está a marcar o seu presente. Cê me quer contar o que se passou? 

- Sim…mereces sabe-lo. Eu e o Roberto namoramos mais de um ano. Ele foi a pessoa mais importante que eu conheci até…até te ter conhecido. Eu amo o Roberto e quero amar-te a ti da mesma maneira, mas com o almoço de ontem eu fiquei super baralhada…e depois a cena da praia…começa a ser muita coisa, percebes? 

- Sim…mas…

- Eu queria ir atrás do Roberto mesmo sabendo que ele está com a Elena…queria muito, mas quero ficar aqui, quero saber se posso, melhor, se consigo esquecer o Roberto e permitir ao meu coração que seja completamente teu. Eu só te tratava um pouco “mal” porque eu queria ter, na minha cabeça, a ideia de que ainda podia voltar com o Roberto e que não me ia apaixonar por nenhum outro jogador da bola. 

- E cê tá falando…que se pode apaixonar por mim? 

- Eu sou apaixonada por ti Rodrigo…mas tenho medo…tenho medo de te perder, como o perdi a ele, tenho medo de ficar sozinha…posso estar a ser egoísta, mas é o que eu sinto…desculpa. 

- Cê não tem de pedir desculpa de nada! – Ele afastou o tabuleiro, que estava no meio de nós, e aproximou-se de mim. Começou por colocar um pedaço do meu cabelo por detrás da orelha e ficou a olhar os meus olhos fixamente…estava a começar a ficar super sem jeito, quando ele falou: - eu respeito os seus medos, sei que podem mudar… e aí, aí eu vou querer ser seu namorado e assumir pra todos. Quero que cê saiba que sempre pode contar comigo e que eu quero que cê seja feliz. Quero que cê tenha sua vida feliz e que essa linda cabeça esteja bem arrumadinha. 

- Obrigada Rodrigo – eu aproximei-me mais dele e abracei-o – obrigada por me compreenderes. 

- Se eu não te amasse não compreendia. 

Amar!? Ele acabou de dizer que me ama!? Amar…amor…amo-te, são palavras tão fortes…e ele, ele disse-a. 

- Essas palavras são fortes, Rodrigo – acabei por comentar. 

- É aquilo que eu sinto – ele criou um espaço milimétrico entre nós, agarrou na minha mão e colocou-a junto do seu coração. Batia aceleradamente, estava com um ritmo super rápido…parecia que ia sair pelo peito fora – cê tá sentindo? – fui incapaz de lhe responder com palavras e apenas assenti com a cabeça – isso é o que acontece cada vez que eu estou com você, cada vez que eu penso em você e em cada vez que você entra nos meus sonhos. Eu fico assim com o simples facto de me distrair com você quando tou vendo televisão…você faz meu coração bater assim…sem jeito. 

- Quem fica sem jeito sou eu…

- E fica linda… - os olhos dele fixaram-se aos meus e sorrimos os dois – cê é linda…seus olhos são perfeitos e me deixam louco pra te beijar. 

- Rodrigo! – Senti-me a corar e baixei a cabeça. O Rodrigo levantou-a e começou a avançar para os meus lábios. A meio caminho parou e olho-me como que a pedir autorização. Eu avancei um pouco, como que a “autorizá-lo”. Ele findou aquela distância entre nós e uniu os nossos lábios. Começou por ser um beijo super calmo, mas acabou por se tornar num beijo com necessidade. Necessidade de não terminar e de continuar para sempre. 
Acabamos os dois um em cima do outro, quando interrompemos o beijo, continuamos deitados um ao lado do outro de barriga para cima. 

- Cê vai trabalhar? 

- Vou – olhei para ele, que estava também a olhar para mim e rimo-nos…problema!? Eu não consigo parar de rir quando estou de barriga para cima. Por entre risos, o Rodrigo dá-me mais um beijo e levanta-se. 

- Tá na hora de a gente ir. 

- Sim…eu preciso de tomar duche e vestir-me. 

- É…eu também. 

- Podes tomar duche aqui! – o Rodrigo olhou-me super admirado…realmente aquilo não me tinha saído lá muito bem – na casa de banho do corredor…podes tomar duche lá – completei meia atrapalhada. 

- Eu vou em minha casa…troco de roupa e pego umas coisas pró treino…a gente se vê no caixa – eu levantei-me e aproximei-me dele, beijando-o com alguma ânsia de o fazer…parecia que os lábios dele tinham criado um íman com os meus.

- Vemo-nos no caixa…precisas que te leve à porta? 

- Não…eu sei ir, não se preocupe – ele deu-me um beijo na testa e saiu do meu quarto. 

Eu fui tomar duche e passei-o todo a cantar…estava a numa de cantar…quem me pode parar!? 
Quando tomei o meu banho fui para a minha cama e sentei-me na cama a olhar pela janela. Estava frio…tendo em conta que estava apenas em roupa interior. Fiquei algum tempo a mirar a rua, o ambiente que estava lá fora. Por um lado apetecia-me ir trabalhar…estava com o Rodrigo…mas por outro lado, podia muito bem passar o dia todo em casa. 
Levantei-me e fui-me vestir:

Antes de sair de casa, ainda terminei o pequeno almoço…eu também não era de comer de manha…mas hoje…hoje estou para fazer tudo o que não costumo fazer. 

Terão Ana e Rodrigo um bom dia bela frente?
Como será a partir daqui a relação dos dois?

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Capitulo 15: Fazes-me feliz


(Rita)

Fiquei receosa e sem saber se deveria aceitar dormir com o André. Não era a primeira vez que isso acontecia, até porque quando éramos mais novos adorávamos passar os fins-de-semana em casa um do outro. Não perdia nada em dormir com ele…o David até estava a dormir com a Ana no quarto dela. 

- Eu não mordo… - insistiu ele que espera que eu me decidisse. Olha, que se lixe! Enfiei-me na cama e mantive alguma distancia dele…não queria apressar as coisas.

- Que fique bem claro que não me mordes! 

- Claro que não…vamos só dormir como dois meninos bem comportados como no quarto da tua prima. 

- Mas é que é mesmo. Ai…se o David, entra por aqui a dentro de manha e nos vê assim…

- Qual é o mal? Somos dois amigos…e o Rodrigo está a dormir no sofá. 

- Gostas de ter sempre uma resposta? 

- Gosto. 

- E eu também vou gostar muito de dormir. Amanha temos espectáculo logo pela manhãzinha e temos trabalhinho. 

- Tens razão.

- Boa noite matulão – toquei-lhe nos lábios com os meus e virei-me para o outro lado disposta a adormecer.

- Boa noite pequenina – o André ajeitou o meu cabelo e encostou-se a mim. Ficamos os dois super agarradinhos e acabei por adormecer assim. 

(Na manha seguinte) 

Estava tão bem a dormir quando o meu despertador tocou. Depressa o desliguei, não queria nada sair da cama hoje. Virei-me de barriga para baixo e olhei para o meu lado esquerdo. O André dormir que nem uma pedra. Estava mesmo ferrado no sono e de certo não acordaria tão cedo. 
Aproximei-me um pouco dele e comecei a dar-lhe beijinhos no pescoço. 
Ele começava a mexer-se mas não dava sinais de que estivesse a acordar. 

- Matulão…temos de começar a levantar. O David daqui a nada está aí e vai começar mal o dia. 

- Pode começar ele… - falou com a voz rouca. 
Fiquei super arrepiada com aquilo e devo ter corado. 
O André virou-se para mim e abraçou-me, ficando ligeiramente em cima de mim. 

- É bom ter-te de novo na minha vida. Já tinha saudades dos nossos bocados e das nossas conversas. 

- Eu também, e acredita que tentem procurar-te, mas nunca consegui nada. 

- Agora estamos outra vez juntos.

- Fazes-me feliz, Rita. 

- Acredita que tu me fazes mais – virei-me de barriga para cima ficando a escassos milímetros de distancia dele – a Ana é excelente para conversar e desabafar, mas tu és o meu matulão e eu tinha falta destes nossos momentos. 

- Destes não tinhas porque não os tínhamos assim – o André começou a passar com a sua mão pela minha face e a olhar-me de uma maneira mais intensa e com o olhar brilhante. 

- Pedi-te para irmos com calma…

- Mais calmo que isto? – o André começou, lentamente, a aproximar-se de mim, dos meus lábios mais concretamente. 
Fiquei receosa…o meu filho podia entrar a qualquer momento e eu não queria que ele nos visse naquele estado, até porque eu e o André somos só amigos…eu queria algo mais, claro, e ele também, mas é tudo tão recente que as coisas têm de ser levadas com calma. 
Quando dei por mim já nos beijávamos…um beijo calmo e reconfortante. Estávamos apenas numa de dar miminho um ao outro. Quando interrompemos o beijo eu falei: 
- Promete-me que isto não se passa em frente do David. 

- Está prometido…mas poderá vir a acontecer? 

- Claro – voltei a tomar conta dos seus lábios para de seguida me levantar – vamos ver se algo se passa pela sala? 

- Vamos pois! 

O André também se levantou e fomos os dois até à sala. 
Lá estava o meu pimpolho, estava a ver televisão, mas estava mais a dormir que outra coisa. 

- Bom dia filho – fui junto dele e dei-lhe um beijinho na bochecha. 

- Bom dia mamã – ele, meio ensonado, sentou-se no sofá e deu-me um beijinho. 

- Dormiste bem com a prima? 

- Shim…o Godigo tá a fazelhe papa para ela. 

- Ai sim? 

- Shim… - nisto o David apercebe-se da presença do André – bom dia, Gomas. 

- Bom dia David. 

- Também domiste no sofá com o Godigo? 

- Não. Eu dormi…

- Dormiu na tua cama, não faz mal pois não? – afirmei. 

- Não…mas poque que elhe só tá de cecas? 

- Tinha calor – respondeu-lhe o André…neste momento apercebi-me que não estávamos nada apresentáveis. 

- É melhor ele ir vestir-se, não é? 

- É sim. 

- Se houver por aqui novidades vai chamar a mãe, sim? 

- Sim, eu vou mamã. 

Eu e o André fomos novamente até ao meu quarto e começamos a vestir-nos. 
Dei uns últimos retoques ao meu conjunto e quando estava despachada preparei-me para sair do quarto. 


- Já estás despachada? – perguntou o André depois de vestir a camisola. 

- Já…eu não demoro séculos a vestir umas calças, como certas pessoas? 

- Isso é um indirecta? 

- É mesmo directa! 

- Ai sim? – ele aproximou-se e ia a beijar-me quando o David entra pelo quarto. 

- O Godigo acabou de fazer a papa…poque que tas assim com a minha mamã? – perguntou ele metendo-se no meio de mim e do André. 

- O André estava só a ver uma coisa que a mãe tinha no olho. 

- Vocês vão namoar? 

- Tu queres David? – perguntou-lhe o André. 

- Não sei…agora não podem namoar poque eu vou leva a papa à pima com o Godigo, ma depois falamos. 

Fiquei, no mínimo, espantada com as palavras do meu filho, não era nada que não fosse possível, mas não estava nada à espera que ele se desenrasca-se daquela maneira. 
Ele saiu a correr para a sala e nós fomos para lá também. 

Será que David aprovará um possível relacionamento entre Rita e André?
E como será que reage Ana com o pequeno-almoço?

domingo, 6 de janeiro de 2013

Capítulo 14: "Pensava Que Querias Muito Rever-me"

(Rita)

Não, não podia ser. Não queria acreditar no que os meus olhos viam, preferia acreditar que fosse apenas obra da minha imaginação, era difícil acreditar que estava a acontecer. Não, não era o André apenas em boxers, ou com uma surpresa para mim, no meu íntimo desejava que fosse, gostava e queria que ele me provocasse mais um suspirar, mais um bater mais forte do meu coração. Mas não. Pela pessoa que acabara de tocar á campainha mas facilmente provocava essa reação na minha prima Ana. Era nem mais nem menos que o Rodrigo! Abri a porta e cumprimentei o Rodrigo, deixei um espaço para ele entrar e fomos até ao sofá da sala, instalamo-nos e ele perguntou:

-Que é da tonta da sua prima? – Os meus sentidos diziam-me que havia algo que não sabia. A Ana estava diferente, estava estranha, e logo depois do jantar foi dormir, o que não é comum. Podia ser cansaço, mas eu conheço-a bem, sei que não era essa a razão para a sua maneira de estar hoje. Mas decidi não pressioná-la, só falaria quando assim o desejasse.

-Está no quarto a dormir com o meu filho. – Notei o seu ar desapontado. – Queres contar-me o que se passou entre vocês Rodrigo? E não me digas que não se passou nada porque já vos conheço. – Já que a curiosidade fervilhava em mim, ou melhor estava a morrer de curiosidade e a minha prima não me contava mais valia fazer um pouco de “chantagem” com o Rodrigo para ambos obtermos o que queríamos. Mas assim que ele abre a boca para me responder, tocam á campainha. Toquei na perna dele e disse. – Espera só um pouco que vou á porta que deve ser o André. – Levantei-me e fui até á porta, abri e estava destinado. Hoje não era mesmo o dia de encontrar o André, era pois o administrador do prédio onde vivia.

-Boa noite menina Rita, vim só perguntar se já pagou o condomínio deste mês. – Acenei negativamente com a cabeça e respondi:

-Não senhor João, mas espere só um pouco que vou buscar o dinheiro e já lhe dou. – Encostei a porta, fui até á minha carteira e levei o dinheiro até ao senhor, fechei a porta quase sem dar tempo para que me respondesse, voltei para a sala e para junto do Rodrigo e fiz-lhe um sinal para que continuasse.

-Estive tanto tempo a pensar em como beijar e dizer á sua prima o quanto gosto dela e depois quando vivi o momento nada fiz. Eu preciso de dizer o quanto gosto dela. – Não sabia o que fazer, ou como reagir. Sou sincera, nunca imaginei que soubesse do primeiro beijo deles através do Rodrigo, mas entendi, a Ana precisava de tempo para digerir todos aqueles sentimentos. Não fiquei desiludida, fiquei um pouco triste por sabê-lo através dele. Tocaram novamente á campainha, levantei-me e comecei a resmungar…

-Mas eu não posso ouvir o rapaz em paz? Quem é desta vez? Mas que raio é que me querem? – Abri a porta e sem pensar continuei. – Não me largam a saia! – Era o André que estava do outro lado da porta, olhou-me com um ar desapontado.

-Pensava que querias muito rever-me. – Fez o beicinho mais triste que os meus olhos já admiraram, e para quem tem um filho de dois anos não era algo fácil de bater. Abracei-o com firmeza, coloquei as mãos sobre as suas costas. Fechei-as. Fiz força e sussurrei:

-Desculpa tu não tens culpa nenhuma. A culpa é do Rodrigo e da Ana. – Ele separou os nossos corpos daquele abraço e deu-me um embrulho. Dei-lhe a mão e levei-o até á sala enquanto estava entretida a olhar para o embrulho. Sentamo-nos ao lado do Rodrigo e abri a prenda. Era uma moldura de uma fotografia que tinha tirado depois do nascimento do David, quando era ainda um bebé pequeno, uma fotografia tirada pelo André e que apenas ele tinha o exemplar único. Só a tinha visto uma vez na minha vida mas memorizei-a. Era uma fotografia minha a brincar com o meu filho, que estava divertido, notava-se pelo sorriso nos nossos lábios. Sorri e abracei-o e disse:

-Obrigada. – Dei-lhe dois beijinhos, um na bochecha, significando a nossa amizade e outro no canto dos lábios significando tudo aquilo que estávamos a viver desde o nosso reencontro.

-As surpresas não se ficam por aqui pequena. Toma. – Tirou do bolso esquerdo das suas calças gangas escura um papel e deu-me, li-o em voz alta:

“Sei que esta surpresazinha é simples mas é apenas uma recordação das pessoas que mais significado têm para mim neste momento, a minha pequenina e o meu piolho lindo! Beijinhos gosto muito, muito de vocês <3"

Abracei-o como nunca antes o tinha feito, dei-lhe um beijo no pescoço, bem perto da gola da sua camisola e sussurrei mais um “obrigada” ao ouvido. Ao qual ele respondeu com um simples: “Tu mereces”. Aquele homem é realmente impecável, não só mima-me como dá valor ao meu filho, que é a pessoa mais importante da minha vida. O Rodrigo acabou por interromper o momento e dizer:
-Cê não se importa que dura no seu sofá esta noite? Quero falar com a sua prima e cê não deixa falar hoje e assim logo pelo café da manhã falo. Posso? – Não sabia o que responder mas acabei por fazê-lo, eu sabia bem o significado de amar, não só pelo amor que sinto como mãe mas como um amor que já bateu forte no meu coração. Respondi:

-Por mim podes, mas não sei se a Ana vai achar piada. Tens aí almofadas e mantas, se precisares eu e o André estamos no quarto. – Ele acenou positivamente com a cabeça e fui com o meu melhor amigo até ao quarto. Pousei a moldura com a fotografia na minha mesinha de cabeceira e o André sentou-se na minha cama, pousei a minha cabeça na sua perna e enquanto ele me fazia carícias numa bochecha, eu fazia círculos na sua perna, sobre as suas calças. O silêncio não aterrador, era o silêncio de quem não conseguia traduzir o que vivíamos, era um silêncio de quem queria apenas sentir-se bem com aquela paz que nos transmitíamos mutuamente, ouvia-se o nosso respirar. Até que ele pergunta:

-Pequenita já que já é tarde e estou super curioso para saber o que se vai passar amanhã com a tua prima e o meu amigo… Será que é muito incómodo pedir para dormir cá só esta noite? – Não era a primeira vez que eu e ele dormíamos na mesma casa mas desta vez, era diferente, era estranho, tudo estava diferente desde essa vez.

-Claro que podes tonto. Eu durmo na caminha do David e tu dormes nesta. A Ana está com o menino no quarto dela e o Rodrigo no sofá, não te preocupes que não dás incómodo nenhum. – Sorri, avisei-o que ia vestir o pijama na casa de banho e fi-lo. Cheguei ao quarto novamente e ele já estava a dormir pacificamente na cama, as suas roupas estavam sobre o puf do meu quarto, bem dobradas e cuidadas como ele era, bem organizado. Aproximei-me dele e dei-lhe um beijo na testa e sussurrei num tom que para mim foi difícil ouvir:

-Gosto muito, muito de ti meu rei. – Ele abriu os olhos e sorriu, abriu as mantas e convidou-me para me deitar junto dele. Fiquei perplexa. Não sabia se o aceitar ou não, não esperava, mas ele interrompe o meu pensamento e diz:

-Somos amigos, conhecemo-nos desde sempre, por isso não faz mal nenhum e ninguém o vai saber princesa. Dormirmos juntos e assim até estamos mais quentinhos. – Depois daquelas palavras já sabia bem o que lhe responder, já tinha tomado a minha decisão e não havia volta a dar.


Qual terá sido a decisão de Rita?
E o que mudará no futuro daquela relação? Será que no dia seguinte assumiram o que sentem mais que uma amizade?

Capítulo 13: "Cê está arrependida?"



(Ana)

A sua posição sofreu uma pequena alteração, estava sentado com as pernas fletidas, dobradas e os seus braços estavam pousadas sobre elas, a cabeça estava baixa e assim que digo aquelas palavras ele levanta-a, mas pouco, só o suficiente para os seus olhos estarem a mirar o mar, aguardo uns segundos e sento-me ao seu lado, bem encostada ao seu corpo. O Rodrigo levanta a cabeça mas só de forma aos seus lábios carnudos e irresistíveis estivessem visíveis ao meu olhar. E num tom baixo, difícil de ouvir, principalmente pelo som que o mar fazia, consegui ouvir:


-Cê me machucou. – Senti um aperto no meu coração, magoava-me tê-lo magoado, mas acima de tudo magoava-me ouvir pela sua boca que lhe fiz algo que de todo não era minha intenção, foi uma reação espontânea, eu gosto do Rodrigo mas também gosto do Roberto. E tenho medo de voltar a ficar só. E apesar de uma distração causada pelos meus pensamentos senti um toque no meu ombro direito, do lado que estava mais próximo do Rodrigo, entreolhamo-nos e ele disse. – Cê permite que eu faça algo? – Mais parecia os anúncios do Ferrero Rocher. Não sabia o que responder. Fui apanhada desprevenida mas mesmo assim respondi:

-O quê Rodrigo? – Fui direta e franca nas palavras. Não sabia o que ele queria e provocava um nervoso miudinho em mim, não sabia o que ele tanto queria mas queria sabê-lo.

-Quero ver se o cê disse pelos seus lábios é verdade. – O que será que ele quis dizer? Não entendi as suas palavras mas mesmo assim uma ânsia de o descobrir por outras palavras fervilhava em mim. Acenei-lhe positivamente com a cabeça e ele levantou-se do sítio onde estava e beijou-me, como não esperava aquela atitude e o meu corpo não aguentava com o seu peso, cai redonda no chão, mas com os seus braços ele impediu-me que a queda fosse dura para mim. Encostou os nossos lábios e no início o que começou por ser um beijo envergonhado acabou por ser um beijo sentido, que só acabou quando o ar nos faltava. Quando separamos os nossos lábios ele continuou sobre mim, sorriu e eu retribui o seu sorriso da mesma forma, dei meia volta de forma a ficar eu sobre ele e beijei mas desta vez foi um beijo mais frenético, mais sentido, com mais emoção, as suas mãos já estavam sobre o fundo das minhas costas e as minhas mãos estavam na sua camisola de forma a puxá-lo contra mim, a unirmo-nos o nosso corpo, nesse momento eu não queria saber nem do passado nem do futuro, não queria pensar nas minhas dúvidas e receios, queria apenas viver o que o presente, viver o meu momento com o Rodrigo, queria apenas desvendar o que o meu coração queria mas a minha cabeça não deixava. O meu coração dizia-me que o que sentia pelo Rodrigo devia ser vivido, que devia dar tempo e viver todos aqueles sentimentos, emoções e momentos ao lado dele para assim entender o que tanto gritava, algo que eu não conseguia traduzir por palavras, não conseguia traduzir, a minha cabeça impedia-me. Essa minha “amiga” dizia-me que o Roberto está com a Elena e eu devia ir atrás dele, agora mais do que nunca, porque ele embora esteja com ela, o nosso coração palpita em uníssono, e se eu fosse até Espanha conseguíamos rever o que nunca deveria ter acabado.
O beijo termina e eu saiu de cima dele, levanto-me dou-lhe a minha mão para ele também se levantar. Não queria pelo menos viver tudo aquilo novamente, ou melhor, secalhar queria viver, por um lado queria sentir-me bem como me sentia a beijá-lo, mas por um lado queria pensar em tudo o que aquilo implicaria no meu futuro e na minha vida. Começamos a passear pela praia, umas vezes cruzávamos as nossas mãos, e quando digo as mãos quero dizer inclusive os dedos que se tocavam, outras vezes passeávamos só de mãos dadas.


-Rodrigo, não quero pressionar nada. Eu quero apenas digerir tudo, quero dar tempo ao tempo, entender o que sinto e o que sentes. Pôr o meu passado de lado, esquecer o Roberto e tentar entender o que sinto por ti mas por enquanto vamos deixar tudo acontecer com calma. Eu gosto de ti mas não sei o que quero entendes? – Vi pela sua expressão que não entendeu. Mas não me deu tempo para responder:

-Cê está arrependida? – Parou a meio do caminho, e eu dei mais alguns passos adianta, olhei para ele e respondi:

-Não, não estou aliás por mim estava a repetir o momento. – Ele olhou para mim e sorriu. – Mas quero primeiro assentar as poeiras.  – Cruzou as nossas mãos e disse:

-Eu vou esperar por você mas não a quero perder. – Abracei-o, aquelas palavras deram-me uma sensação de confiança, ele provou que estava disposto a esperar por mim e a ajudar-me a ultrapassar os meus medos e barreiras, mas eu sabia melhor do que ninguém que o tempo que íamos demorar a ultrapassar aquelas barreiras podia ser maior do que o tempo que ele estava disposto a esperar por mim.
Fomos até aos nossos carros e despedimo-nos, ele foi em destino incerto para mim e eu fui em direção a casa, já era noite e eu queria rever a minha prima e o meu traquinas, não queria falar sobre o aconteceu, queria apenas arranjar forças no David, que me fazia sorrir e dormir, dormir sobre o assunto, por hoje não queria pensar em nada, amanhã quando o voltasse a ver logo tomaria uma decisão.

Como correrá o reencontro?
O que significou aquele beijo? Será que irão passar as dificuldades juntos?

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Capitulo 12: "...é tão a sério que se olhares para a porta do CFC..."


(Ana)

Depois de responder à mensagem do Roberto levantei-me, fiz a minha higiene matinal e despachei-me a escolher a roupa para ir trabalhar.
Depois de estar despachada do quarto fui até à cozinha. Como seria de esperar a Rita tinha deixado algo na mesa para eu comer, mas a minha fome era nenhuma. Mesmo assim, levei a sandes que ela tinha deixado. Poderia dar-me a fome a meio da manha. 
A vontade de ir para o local do meu trabalho era nenhuma… teria de me ir encontrar com o Rodrigo e depois da mensagem do Roberto a vontade de o encarar com toda a história não era nenhuma. 
Assim que cheguei ao meu posto de trabalho comecei logo a atender telefonemas. Ora era para falar com o presidente, ora para marcar visitas de estudo. 
Não dei por estarem a chegar os jogadores, mas quando o Rodrigo fez questão de parar na recepção o meu coração ia saindo disparado pela boca. 

- Bons dias – disse ele super animado. 

- Bom dia Rodrigo. 

- É hoje que a gente vai ter uma conversa? 

- Sim… podemos ter. 

- Vou treinar e te pego pró almoço. 

- Está bem. Bom treino. 

- Bom trabalho. 

- Obrigada. 

Continuei o meu trabalho sempre naquela de que a hora de almoço não chegasse. 
Quando eram cerca das 11:50h o meu telemóvel toca. Pego nele e vejo que é o Roberto. Fiquei sem saber o que fazer, se atender ou desligar a chamada. 
Se atendesse ao ouvir a voz dele poderia voltar a quebrar,  mas não atendesse ia ficar sem saber o que esperar dele. 
Decidi atender: 
- Roberto…

- Ana! Como estás? Tinha saudades da tua voz – “e eu da tua” pensei para mim mesma. 

- Que exagerado! Olha que a Elena ainda pensa coisas! 

- Será sempre verdade que serás uma pessoa muito especial. 

- Roberto… a sério. 

- Estou a falar a sério… é tão a sério que se olhares para a porta do CFC… - olhei para a porta e estava lá ele. O “meu” Roberto estava à porta do meu local de trabalho com um ramo de rosas brancas, as minhas preferidas. Desliguei a chamada e fui ter com ele. 

- Que estás a fazer aqui seu tonto? – dei-lhe um abraço com mega força. Tinha saudades dele. Apesar de tudo o que sofri com a nossa separação, sentia algo por ele… mas também sentia pelo Rodrigo. 

- Disseste para ser eu a vir cá… cá estou! 

- És tão…tu. Continuas na mesma. 

- Olha quem fala… sempre linda tu! É verdade – ele esticou o ramo das flores – são para ti. 
Eu segurei-as e cheiravam tão bem…cheiravam a ele. 

- Ainda te lembras…

- Tu não me deves conhecer assim tão bem para duvidares que não me lembraria de tal detalhe. 
Dei-lhe mais um abraço e algumas lágrimas teimaram em escorrer-me pela face. 

- Almoças comigo? – perguntou-me. 
Tinha combinado almoçar com o Rodrigo…e contar-lhe a minha história, mas agora…agora o Roberto estava à minha frente, vindo de Espanha para estar comigo…e eu…o que é que queria? Almoçar com os dois…mas não posso. 

- Almoço, sim…mas agora tenho de voltar ao trabalho. 

- Claro, eu vou aproveitar para ver o treino da equipa e depois pego-te por aqui. 

- Tá bom – ele deu-me um beijo na testa e foi para a zona de acesso às bancadas para ver o treino. 

Passei o resto da manha a fazer porcaria…estava desconcentrada. Ora olhava para as rosas, ora pensava no Rodrigo, ora olhava para o relógio e ficava sem saber o que pensar. Por um lado, o Roberto tem namorada, mas eu adoro-o. Foi o primeiro homem que se interessou por mim como Ana e não por mim como uma rapariga para passar tempo. 

O tempo passou e quando dei por mim estavam a sair já os jogadores do treino. O Rodrigo sorriu-me e veio ter comigo.

- Cê tá pronta? 

- Estou quase… - não fazia ideia de como lhe dizer que ia almoçar com o Roberto…

- Estás pronta guapa? Vamos almoçar?  – Nisto aparece o Roberto…

Olhei para o Rodrigo, que me olhava com um ar confuso. 

- Rodrigo…eu vou almoçar com o Roberto. Descu…

- Não precisa dizer nada não. 

Ele simplesmente saiu e não me deixou pedir-lhe desculpas. 
Acabei por ir almoçar com o Roberto, mas sentia-me mal em estar com ele sabendo o que se tinha passado com o Rodrigo. Almocei o mais depressa que consegui dizendo ao Roberto que me tinha de despachar porque tinha uma reunião. 
Era mentira, mas não queria estar ali com ele e a pensar no Rodrigo. 
Acabamos por nos despedir, uma vez que ele ia voltar para Saragoça. Eu fui para uma praia ali perto. Comecei a caminhar sem direcção nenhuma e sem vontade de parar. 
Pensava no Rodrigo, em como é que ele estava, se tinha sido impressão minha ou ele tinha ficado magoado com o que lhe tinha feito. 
Parecia-me avistá-lo, sentado no areal com o olhar preso nas ondas do mar…aproximei-me ainda mais dele e sentei-me a seu lado. 

- Não queria magoar-te, mas o meu passado tinha acabado de chegar de Espanha. Eu sou uma parva, sou porque te deixei a ti para estar com ele. Eu explico-te…o Roberto foi o meu ex-namorado, e eu ainda gosto um bocadinho dele, mas também gosto um bocado gigante de ti…eu tenho medo. Tenho medo de voltar a estar numa relação com um jogador da bola e que volte a acontecer o que aconteceu com o Roberto. Tenho medo que te vás e que eu volte a ficar sozinha. Eu tenho medo de querer ser tua, tenho medo de querer ser tua e não saber como o ser.

Como reagirá Rodrigo a estas palavras de Ana?
Irão os dois acabar por resolver os seus problemas?