domingo, 10 de fevereiro de 2013

Capitulo 23: "Tu & Eu"

(Rita)


Nestes últimos quatro dias o meu filho não tem andado bem comigo e estava muito triste, nem beijinhos queria meus, não queria abraços nem brincadeiras, magoava-me que uma atitude minha magoasse tanto duas pessoas que amo. Nestes últimos dias a Ana é que tem sido quase uma mãe para o David, vai busca-lo á escola, levá-lo, brinca e fala com ele como nós fazíamos e foi nestes pensamentos que peguei no telemóvel e liguei-lhe. Um toque, dois toques… cinco toques e ele não atendeu. Senti que era quase um sinal a indicar-me para não lhe dizer que finalmente entendia o que sentia, demorei tanto tempo. Quatro dias! Precisei de 96 horas para entender o que sentia, como é possível ter demorado tanto tempo?! A Ana estava no parque a passear com o Rodrigo e com o David, por isso estava em casa sozinha, a ver televisão, precisava de me distrair por isso fui até á cozinha e comecei a preparar o jantar, como necessitava de algo que me aquecesse por causa do frio rigoroso de Inverno, e por causa do frio e vazio, causado pelas saudades que o André causava em mim acabei por preparar a sua sopa favorita: caldo verde. Preparei a mesa para quatro, ultimamente era assim, o Rodrigo fazia parte da nossa vida, do nosso dia-a-dia, a Ana e ele cuidavam do menino, eu limitava-me a sobreviver, não sorria, pouco falava e a minha energia não era a mesma, ou me fechava em casa mais propriamente no quarto, ou passeava, precisava de tempo e espaço, a cada dia que passava eu sentia que o sentimento que vivia em mim era mais forte, parecia que só inflamava com a distância. No trabalho estranharam as minhas atitudes, mas preferi não falar. No segundo dia de distância do André ele mandou-me uma mensagem que me fez ainda mais ter a certeza da excelente pessoa que ele era, do grande homem que ele era:

Ritinha quero apenas que saibas algo muito importante: eu adoro-te muito, muito, muito, muito, muito, muito tanto a ti como ao David! Vou-te dar todo o espaço que quiseres e precisares quero apenas nunca mais te voltar a perder, mesmo que o que sintas não seja igual ao que sinto. Beijinhos para uma das mulheres que mais gosto na minha vida!”

Não aguentei não chorar a ler estas palavras, ele era sem dúvida das pessoas que mais gostava, um dos homens que mais admiro, apesar de só termos 19 anos ele já era mais homem que muitos que conheço, era sincero, humilde, verdadeiro, um querido, honesto, era apaixonante e eu interrogava-me como consegui esperar 19 anos até me apaixonar por ele. Respondi:

André, meu amor tanto eu como o David te adoramos até ao infinito mas desconfio que eu gosto mais que ele xD Não quero esperar muito tempo porque cada vez tenho mais a certeza do que sinto! Nunca mais te vou perder garanto-te! Beijinhos da tua eterna pequenina e do pequenino piolho.”

Perdida em pensamentos e talvez a distância que tinha do telemóvel (eu estava na cozinha e ele estava no quarto) me impediu de o ouvir tocar e só quando chego ao quarto deparo-me que tinha uma chamada não atendida do André, apenas tenho tempo de ver que é ele, tinha chegado atrasada um/dois minutos, mas mal tenho tempo para ver a chamada que recebo logo outra, a música era a “nossa música” (Jason Mraz ft Colbie Caillat – Lucky), perdi a conta às vezes que ouvi e reflecti ao som desta música nas últimas 96 horas da minha vida. Também descobri músicas que me fizeram entender melhor o que sentia por ele, por vezes a música é mesmo a melhor amiga de uma pessoa, não precisava de ninguém para me dar conselhos nem me apoiar, precisava apenas do meu espaço, por vezes fui fria para a Ana e para o Rodrigo mas queria apenas reflectir  Atendi a chamada num segundo e falei:

-Olá meu rei. Nem imaginas as saudades que tenho tuas e de ouvir a tua voz!

-Olá minha pequenina. Nem imaginas a felicidade que me dá saber que sentes as mesma saudades que eu!

-Nem sabes o quanto te adoro e o quanto preciso de ti hoje e sempre! Já tomei uma decisão meu amor!

-E qual foi?

-Digo-te quando estivermos juntos pode ser?

-Sim, claro meu bem! E tens a certeza do que sentes e da decisão que vais tomar?

-Nunca tive tão certa daquilo que sinto meu homem! E quando podes estar comigo?

-Hoje á noite ia com o meu mano até casa do Luisão porque ele vai fazer uma noite de jogos com o plantel, mas eu digo que não vou e podemos estar juntos e despacho o Simão.

-ANDRÉ FILIPE! – Disse em forma de reclamação. – Já combinaste e não vais descombinar por minha causa! Esperamos por amanhã, pode ser que até lá não queiras mais ouvir a minha voz e te queiras afastar de mim. – Disse triste, a ideia de acontecer magoava-me. – O Simão está cá em Lisboa? Ai que saudades que tenho dele! – O Simão é o irmão do André. Tinha saudades dele mas nada que se comparasse as saudades que me devoraram interiormente do André. Não via o Simão há mais tempo, desde que vim viver para Lisboa mas o meu matulão era sem dúvida o meu matulão, o meu amigo, o meu amor…

-Cá para mim tens mais saudades dele do que minhas. – Disse triste imaginando. – Mas eu tenho mais saudades tuas que deles e quero muito ouvir o que sentes! Não me podes dizer pelo telemóvel? Eu preciso disso para viver hoje.

-Não me faças isto por favor André! – Supliquei. - Sabes que não era ser justo dizer-te por aqui, tu mereces mais e melhor meu rei! – Cada vez entendia melhor o que sentia por ele. - És a pessoa de quem o meu coração sente mais saudades. A dor que este sentimento me causa são tão difíceis de lidar, e saber que estamos assim por minha causa só piora tudo! – As lágrimas já me atravessavam o rosto. – Esta saudade causa-me uma dor inexplicável, tive muito tempo separada de ti, é verdade, mas o que sinto agora é tão diferente, é tão mais forte, não digo que antes não me magoasse mas o que sinto agora é mais forte! – Tentei manter-me calma mas as lágrimas ainda me escorriam pela face. – Esta dor destrói-me em todos os sentidos, mata-me por dentro, tira-me as forças que tenho, a alegria que tinha por saber que podia estar contigo. Foram só 96 horas mas foram as mais difíceis da minha vida! Nem sabes o quanto quero estar junto de ti e abraçar-te! – Limpei as lágrimas, ouvi entrarem em casa e esperei que o André respondesse para rever o meu filho, de quem também tinha saudades.

-Apanhaste-me completamente desprevenido! Não esperava que transcrevesses tudo o que o meu coração também sente. Eu preciso de estar contigo neste momento Rita, eu preciso rever-te, não amanhã, não daqui a bocado mas AGORA!

-Não André, não vais deixar todos aqueles de quem gostas para trás por minha causa, está fora de questão! Vais esperar por amanhã e com calma falamos.

-Se gostas de mim deixa-me ir ter contigo! – Não, não poderia ser!

-Adoro a tua mania de teres sempre uma resposta na ponta da língua! – Sorri. -Sabes que não provo nada em deixar-te vires ter comigo! Agora tenho de desligar que o pequeno chegou a casa, beijinhos te adoro meu matulão.

-Eu não te adoro eu AMO-TE! – Fez questão de realçar estas últimas palavras. – Beijinhos até amanhã. Encontramo-nos há hora do pequeno-almoço em tua casa. – Desligamos a chamada. E fui ao encontro do meu filho, abracei-o e dei-lhe um beijinho, desta vez ele assim o permitiu, o menino é muito inteligente (não é ser convencida mas sai á mãe!) entendeu que nada estava igual. Fomos todos para a mesa do jantar, jantamos e bastante animados, eu estava participativa e animada como não acontecia desde há 4 dias. Brinquei um bocadinho com o menino depois do jantar para dar alguma privacidade ao “casalinho” mas o David ficou com sono e acabei por me deitar ao lado dele, mas o sono não aparecia, o André não saia da minha cabeça e coração, não me abandonava por razão alguma, ouvi algumas músicas, mas o sono não queria nada comigo, eram já quase 3 da manhã. Num impulso levanto-me da cama, pego no meu filho e coloco-o com muito cuidado ao lado da Ana, mas ela desperta e pergunta:

-Posso saber porquê é que vieste deitar o menino ao meu lado? E o que fazes acordada às… - Olhou para o relógio que estava na mesa-de-cabeceira. – Ainda nem 3 da manhã são?

-Não consigo dormir e vou falar com o André e dizer o que sinto. Posso pedir-te para tomares conta do David por favor?

-Claro que sim, ele comigo porta-se bem. Não podes adiar essa tua declaração de amor para amanhã de manhã? Agora corres o risco de levar com a porta na cara.

-Estou disposta a cometer esse risco. E já agora como sabes que vai ser uma declaração de amor? – Dei um beijinho a cada um em forma de despedida. – Não sei se volto hoje.

-Eu conheço-te Rita, sei que o amas mas vai lá que tens andado insuportável nestes últimos dias. Beijinhos. Vai lá embora que eu quero voltar a dormir.

Fui embora daquela casa, tinha o pijama vestido e vesti um casaco de inverno para me proteger do frio, levei a mala com o básico, chaves, carteira e pouco mais. Quando cheguei á entrada do prédio vi passar um táxi e chamei, o senhor estranhou o meu pijama mas não fez perguntas, dei-lhe as indicações e pedi para acelerar, o senhor assim fez. Paguei-lhe e fui até á porta do prédio, convenci o segurança a abrir-me a porta, por sorte conhecia o André e ele tinha-lhe contado que gostava muito de uma rapariga chamada Rita, pois bem eu sou a Rita “do André”. Subi ate ao segundo andar daquele prédio. Toquei á campainha, uma, duas, três vezes já entendia que ele estava a dormir ou então não estava em casa, mas não queria desistir, toquei uma última vez e abriram quando já me encaminhava para voltar para casa. Era o André. Mas o André apenas com os boxers vestidos, admirei-o, como era possível ele ser tão perfeito, tão homem, tão maravilhoso?! Mirando-o de alto a baixo digo:

-Desculpa ter demorado 96 horas a entender o que sinto por ti, desculpa ter demorado 19 anos a apaixonar-me por ti, desculpa ser tão parva e insegura, desculpa ter-te feito sofrer, desculpa tudo o que te fiz passar. Desculpa não te ter dado tudo o que mereces, e tu mereces tudo! Mas neste momento estou disposta a amar-te como se fosse o último instante, tenho tanto para te dizer, tanto para viver ao teu lado, és o meu companheiro de amizade e de amor e… - Olhei-o pela primeira vez olhos nos olhos. – Amo-te André Filipe Tavares Gomes! – Não tinha pensado no discurso que lhe diria, simplesmente saiu-me do fundo do coração, disse quase tudo o que lhe tinha para dizer e ele ficou quase sem reação, algo que me assustou inicialmente mas acabou por responder pouco depois:

-Amo-te até ao infinito Rita Alexandra Martins Mendonça Gomes! - Gostei do facto de ele acrescentar o seu apelido ao meu nome, fez-me sentir integrada e sentir que ele imaginava a nossa vida em conjunto, uma vida só nossa, que pensava no futuro.
Ele sorriu e aproximou-se de mim a uma velocidade estonteante, os seus olhos brilhavam, tocou no fundo das minhas costas e puxou-me contra si, coloquei as minhas pequenas mãos sobre os seus peitorais e ai que tais! Estavam tão bem desenhados, o seu corpo parecia que tinha sido esculpido pelas mãos de Deus, parecia que tinha sido feito a pensar na perfeição. O seu toque era tão meigo, tão carinhoso mas ao mesmo tempo tão masculino, era tão possessivo ele queria viver aquele momento a qualquer custo. Beijamo-nos num beijo há muito pensado e desejado, um beijo de saudade, de amizade, de amor, de carinho, de ternura, um beijo intenso, nunca houve vergonha, aliás posso dizer que os primeiros segundos foram pouco intensos comparativamente com os restantes. O seu coração batia a um ritmo acelerado, se houvesse dúvidas do que ele nutria por mim esta acabou de ser a prova que o que eu sentia era totalmente recíproco, o meu coração também batia acelerado, amava-o e tudo o que sentia era tão forte, tão nosso, ele esteve presente em toda a minha vida, vivi todos os sentimentos positivos que se podia viver ao seu lado, só nos havia faltado um e agora unia-nos como nunca, o amor. O beijo só terminou porque nos escasseava o ar, e foram apenas segundos entre os restantes, cheios de sentimento como o que havíamos vivido, demos uma volta sobre os nossos corpos, entramos dentro de casa e entre beijos fechamo-la, encostou-me á parede e a sua mão entraram para dentro do meu pijama, o seu dedo indicador e o dedo do meio percorreram todas as minhas costas com as pontas, senti um calafrio percorrer-me a espinha. Separou os nossos lábios e sorrimos, puxei o corpo dele contra o meu, coloquei as minhas mãos no seu pescoço e queria que ele se colasse literalmente a mim, as suas mãos voaram até a parte de baixo das minhas pernas, abri-as, ele encostou os nossos corpos e comecei a beijá-lo entre o pescoço, o maxilar e percorri a sua cara com beijos ora mais longos ora mais curtos, mas sempre sentido, ele começava a sentir desejo. Separou os nossos lábios e olhou-me, senti-me corar, já o conhecia mas nunca havia estado numa situação idêntica com ele, perguntou-me com os lábios encostados ao meu ouvido:

-Tens a certeza que queres fazer isto? – Tinha a certeza absoluta, acenei positivamente com a cabeça, mas nós ainda nem namorávamos. Ainda não tinha ouvido da sua boca que também queria, as únicas palavras que me disse foi um “amo-te”. Beijou-me mas agarrei no seu queixo e afastei os nossos lábios, olhamo-nos olhos nos olhos.

-André, eu quero muito, mas preciso de sentir o quanto me queres e se tens a certeza que é isto que queres. – Ele começou a beijar-me entre a orelha, percorreu o meu pescoço com beijos sedutores, doces e sussurrava palavras que me tiravam toda a coragem, todo o medo, que deixavam de fazer correr o autocontrolo em mim.

-As mais bonitas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar. – Cruzamos os nossos olhares por segundos e depois deu-me um beijo prolongado no pescoço. E continuou a fazer o percurso entre o pescoço, o maxilar e a gola do pijama – Nunca me deixes. – A sua mão voou até ao elástico das calças do meu pijama, deixou-as lá pousadas. Coloquei as minhas mãos nos seus braços, apertei-os e ele continuou. O desejo já fervilhava no meu sangue, nas minhas veias, desejava-o mais do que nunca. – Amo-te minha pequena grande mulher. – Não aguentei e beijei-o insaciavelmente, precisava dele para respirar, para sentir qualquer emoção, precisava de sentir que o amava e que ele me amava, apesar do sentimento ser forte e indescritível eu precisava daquele momento. Ele pegou-me ao colo e começamos a beijar-nos, começamos a mimar-nos, a sua língua invadiu a minha boca e os meus lábios invadiram a sua boca em busca de encontrar recantos que apenas eu conheceria, todo aquela mixórdia de sentimentos e emoções invadiram a minha cabeça e o meu coração. O meu lado racional lutava contra o meu lado irracional e sentimental mas com um homem daqueles e com o sentimento que nos unia, o lado emocional vencia, a emoção vencia e desfrutávamos daquele momento como se fosse o primeiro, era o primeiro em conjunto, mas não era a primeira vez que o fazíamos, a única diferença entre a primeira vez que sentíamos o momento e esta era que o nervosismo não governava, os sentimentos faziam-se florir á flor da pele.
Pegou-me ao colo e perdidos em beijos e momentos mais “quentes” fomos até ao quarto mas tentamos não fazer barulho, o irmão dele estava a dormir pacificamente, não o queríamos acordar. Assim que chegou ao quarto pousou-me em cima da cama e afastou-se, queria segui-lo, tive medo que ele estivesse arrependido e tivesse sentido que o momento que íamos viver era um erro, mas eu estava mais certa do que nunca, mas vi-o aproximar do rádio e ligar. Encostei os meus cotovelos aquela cama e estiquei as pernas, como que chamando-o para junto de mim, assim que a música de fundo surgiu ele aproximou-se de mim olhando-me olhos nos olhos, deitou-se sobre mim mas com poucos centímetros de diferença, as suas mãos foram para o colchão entre a minha barriga e eu com necessidade de o sentir, coloquei as mãos nas suas costas e fiz força sobre elas para unirmos os nossos corpos, o beijo começou, desta vez não era o amor a falar, era o desejo, comecei a sentir que os nossos corpos necessitavam mais do que vivíamos a cada instante. A sua mão direita foi para o interior do meu pijama, perdi qualquer decência e argumentos, perdi todas as (poucas) dúvidas que tinha, a sua mão esquerda entrou também para dentro da minha camisola, levantei os braços quase como dando sinal que ele tirasse a camisola. Ainda me olhou directamente quase perguntando se tinha a certeza do que fazia, acenei positivamente com a cabeça e ele retirou a camisola apressadamente, ainda olhou para o meu corpo, admirando-o, não pude não corar, não tinha o corpo perfeito ao contrário do seu por isso sentia que nunca iríamos ficar completos totalmente porque o meu corpo era diferente do seu, fui mãe e por isso o meu corpo ainda tinha efeitos que o provavam, embora já tivesse recuperado a forma que tivera outrora, ou melhor até estava mais magra mas ele tinha o corpo esculpido e eu… Era simples ao seu lado, era uma rapariga banal e vulgar, ele? Era fora de série, era um homem que me completava de uma forma louca, que me fazia sentir nas nuvens, a mulher mais feliz e completa, a pessoa mais amada do mundo, acho que o único amor que era mais sentido que este era o amor que sentia pelo meu filho. O André esteve em todos os momentos da minha vida, quando chorei, quando sorri, quando sofri, ele esteve presente, inclusive foi a primeira pessoa a saber da minha gravidez e mais tarde soube que era um menino, apoiou-me na decisão de não abortar e educa-lo, apesar de também ele estar numa fase má, foi dispensado do Porto, onde também era capitão e depois foi para o Pasteleira e Boavista, ficou triste mas nunca desistiu do sonho de jogar futebol.
As calças do meu pijama acabaram no chão, ficamos de igual para igual, em roupa interior e com os nossos corpos colados, estarmos quase sem roupa ainda fazia aumentar a tensão entre nós. Ele perguntou-me mais duas vezes se eu tinha a certeza com o olhar ou mesmo através de palavras, talvez tivesse dúvidas do que sentia, e do que íamos fazer, mas assim que as minhas calças deixaram de ficar coladas ao meu corpo, e fê-las deslizar, que não ouve mais dúvidas ou perguntas, ele desapertou o meu soutien e fez as alças descerem com a ponta dos dedos e foi dando beijos suaves, deixei de sentir o soutien no meu corpo, ele retirou sem fazer pressão. Olhou para o meu corpo apreciando-o. As poucas roupas que ainda cobriam o nosso corpo voaram para o chão, mas senti-me encolher, tinha vergonha, ele notou que me encolhia e fez também a curta distância que também havia feito. Encostou os lábios ao meu ouvido ainda estando sobre mim e perguntou:

-Não queres fazer isto? – Perguntou ainda com os olhos fechados. Respondi:

-Quero mas o meu corpo não é perfeito ao contrário do teu. – Ele sorriu. Beijei toda a curva do seu pescoço e a sua mão foi até á parte de trás das minhas costas, uniu os nossos corpos. Mas ainda me sussurrou:

-Eu não sou perfeito, mas tu és. – Senti-me corar mais uma vez. Começou a beijar-me desde a minha pequena testa até ao umbigo, voltou para os meus lábios e perdemo-nos lá. Quando já estávamos quase a fazer amor, eu paro-o e digo:

-André e precavermo-nos? Não tenciono voltar a ser mãe tão cedo. – Ele separou-se de mim a muito custo e foi até á mesa-de-cabeceira onde tirou um preservativo e colocou. Enquanto o fazia disse:

-Já me tinha esquecido desculpa princesa. – Deitou-se novamente sobre mim e começamos a fazer amor.
O André não se esforçava para me satisfazer todo ele correspondia aos meus desejos, às minhas necessidades, todo ele parecia feito para me completar, sabia exactamente tudo o que queria e desejava, fazia-o no “timing” perfeito, deixava-me louca de desejo, louca de viver tudo outra vez. Confesso que foi das vezes em que fiz amor e me senti mais completa, apesar de repetirmos mais que uma vez ele tinha energia suficiente para todas as vezes, a mesma energia que eu, só não o fizemos mais quando os nossos corpos já não tinham mais energia. Acabamos por adormecer nos braços um do outro, completamente despidos e radiantes, sentia-me a pessoa mais poderosa e feliz do mundo, poderia todo o meu mundo ruir que ficaria com dois homens que me amariam e que NUNCA me iriam abandonar por razão alguma: o meu filho e o André! Todos os sentimentos e momentos que vivi com o André foram melhores e mais emotivos, foram mais completos, mais felizes, foram melhores do que alguma vez poderia ter imaginado. Acordei de manhã com um beijo nos lábios, olhei para o lado, afinal não tinha sido tudo um sonho. Beijamo-nos mais uma vez e ele disse:

-Bom dia minha pequenina. – Colocou os seus braços ao fundo das minhas costas ficando assim os nossos corpos colados e dando um abraço, as minhas mãos estavam pousadas no seu corpo.

-Bom dia meu matulão. – Não consegui tirar o sorriso do meu rosto. Não conseguia deixar de ser feliz ao lado do André.

-Quero fazer-te um pedido muito especial. – Disse sussurrando.

-E eu dar-te-ei uma resposta ainda mais especial. – Dei-lhe um beijo no rosto. Ele olhou-me olhos nos olhos e perguntou:

O que será que irá André perguntar a Rita?
E o que será que ela irá responder? Que mudanças terá aquela noite na vida deles?

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Capitulo 22: "- Que é que vem daí Rodrigo Moreno? "


(Ana)

- Cê gostava que a gente namorasse? - o Rodrigo respondeu ao David, na tentativa de tentar saber a opinião do David acerca de...nós. 

- Eu não me impotava... - respondeu ele, timido - mas a pima é que sabe.

- E se eu namorasse com o Rodrigo...ele ia ser teu primo, não é? - perguntei-lhe. 

- Shim...e era o meu segundo jogador do Benfica pefe'ido.

- Ué? Não sou seu primeiro? - perguntou o Rodrigo tentando ser brincalhão. 

- Não! O pimeiro é o Gomas.

- Acho muito bem. Assim vais deixar a mamã feliz - entretanto o Rodrigo parou o carro. Já estavamos ao pé da casa dele. Para além de ser uma viagem que se faz muito rápida, a conversa também ajudou. 
Saímos os dois do carro e, enquanto fui retirar o David do carro, o Rodrigo foi até ao porta bagagem. Saiu de lá com um embrulho...

- Faxes anos, Godigo? - perguntou-lhe o David. 

- Não...ainda falta algum tempo pra eu fazer anos. 

- Pa quem é essa penda? É pá pima? - David Simão! O teu sentido de me retirar as perguntas da cabeça é tão próprio para este momento! Pensei para comigo...também eu fiquei curiosa com aquela caixa.

- Essa prenda...vamo subir que eu te digo pra quem é, pode ser?

-Pode - peguei no David ao colo e subimos os três até ao andar do apartamento do Rodrigo. Eu já cá tinha estado e já sabia os cantos à casa, mas para o David era a primeira vez. 
Ajudei o Rodrigo a abrir a porta de casa e entramos. Coloquei o Rodrigo no chão.

- A tua casa é bonita Godigo - disse o David...o meu menino é sempre uma caixinha de surpresas. 

- Cê acha que não fica mais bonitinha com sua prima aqui? - senti as minhas bochechas a aquecerem, o David olhou para mim e voltou a olhar à sua volta.

- Eu acho que sim...mas ewa fica meor na minha caxa.

- Claro que fico pimpolho - dei-lhe um beijinho na testa e ele foi até ao sofá, sentando-se.
O Rodrigo colocou a caixa que tinha na mão, no chão e olhou-me. 

- Ainda ontem cê concordava que ficava bem nessa casa...

- E posso vir a ficar...mas o menino não está preparado para que eu saia de casa...nem eu. Sabes disso Rodri. 

- Também sem que esses dias têm sido maravilhosos do seu lado. 

- Sim...e podem continuar a ser... - começamo-nos a aproximar um do outro e quando estavamos mesmo quase a querer beijarmo-nos...

- Godigo...tu não tens os desenhos? - perguntou o David, agarrado ao comando da televisão. 

- Tenho. 

O Rodrigo foi ter com o David e meteu-lhe a televisão no canal Panda. Voltou para junto de mim e pediu que o acompanhasse até ao seu quarto. 
Eu fui com ele e com a misteriosa caixa que ele trazia com ele. 

- Cê têm de me ajudar...essa prenda é pró David no Natal.

- E já andas-te a comprar? Rodrigo...nós não ligamos nada a isso, o David nem aguenta até à meia noite. 

- Se vou passar o Natal com vocês eu vou fazer como é! 

- Tudo bom - falei em brasileiro e ele riu-se...falaria eu assim tão mal? 

(Quatro dias mais tarde)

Depois do maravilhoso jantar em casa do Rodrigo, os dias seguintes passaram a voar e a Rita...continuava a mesma...andava sempre a pedir-me a minha opinião e eu sempre lhe dava a mesma: VAI FALAR COM O ANDRÉ!
Até que...lá me ouviu e decidiu marcar um encontro com ele...já eu, aproveitei para ir para casa com o Rodrigo, enquanto que o David estava no infantário.
A sorte de termos trabalhos idênticos é que, quando há folga para o plantel do Benfica, há sempre uma recepcionista que também fica de folga e desta vez tinha-me calhado a mim.

- Faltam apenas duas semanas para o Natal e ainda nem montámos a árvore - realmente! A nossa vida andava super baralhada e não tínhamos grande tempo extra para grandes coisas...e ainda nem a árvore de Natal tínhamos montado.

- Podíamos fazer quando o Davi voltasse. 

- Não...e a Rita? 

- Pois...tem razão. Espera! Tenho uma ideia! 

- Que é que vem daí Rodrigo Moreno? 

- Nada de mais...podíamos ir fazer a árvore na minha casa. E depois faziam aqui também com a Rita. Que cê acha? 

- Parece-me perfeito. 

- Ótimo. Assim o Davi vai poder fazer duas vezes a árvore. 

- E tu estás a ser um granda primo para ele.

- Cê mi...chamou de primo do David. 

- É...parece que sim - tomei a iniciativa e beijei-o.
Os animos aqueceram e...passaram a beijos descontrolados, até que fomos parar ao meu quarto, sem eu saber ao certo como.

- Rodrigo - parei de o beijar e olhei-o.

- Mi desculpa...cê disse que era com calma. 

- Não nos podemos demorar...falta 1h para o David sair - voltei a beijá-lo e a loucura descompensada voltou.

Passará o casal a assumir que sentem algo mais?
Ou a Ana esta apenas a ter um momento de despreocupação?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Capítulo 21: "Show me, don’t tell me”



(Rita) 

-Não sei o que me vais pedir mas aceito. – Disse o André cruzando as nossas mãos.

-Oh tonto mas tu ainda nem sabes. – Disse eu aconchegando-me nos seus braços.

-Mas eu confio em ti bebé. – Corei. Dei-lhe um beijo sentido e carente, frenético e emotivo.

-E posso saber o porquê desse beijo? – Disse dando-me um beijo na bochecha.

-Precisas de uma justificação para te beijar? – Sorrimos. – Se quiseres não o volto a fazer.

-Não, não! – Disse assustado. – Eu quero muito repeti-lo e tantas vezes até te enjoares de mim.

-Mas eu nunca me vou enjoar de ti meu amor. – Disse sorrindo.

-Nem sabes a felicidade que me dá saber isso. Mas conta-me lá o teu pedido.

-Como tu sabes o Dádá ainda não tem padrinhos e eu já os escolhi mas preciso de ti.

-E em quem pensaste?

-Na Ana e no Rodrigo mas quero surpreende-los, só no dia de batismo é que ele vai saber, até lá és tu. Não te importas?

-Não, claro que não. Assim até os podemos juntar subtilmente. E ela vai saber que é ela a madrinha?

-Sim, o Rodrigo e a minha prima só vão saber no próprio dia que é ele o padrinho e não tu. Espero que aceite.

-Já falaste com o pai do David? – Acenei positivamente com a cabeça. – E olha de certeza que o Rodrigo vai aceitar. Olha Ritinha secalhar é melhor irmos embora que já é tarde.

-Deixa-me ver as horas. – Olhei para o relógio e já estava atrasada. – Sim, deixa-me só chamar o David.

-David. – Disse o André. – Anda cá bebé. – O menino aproximou-se e perguntou:

-São namoados? – Perguntou curioso.

-Não filho, quer dizer mais ou menos. – Os dois olharam-me. – Mas vou fazer-te a vontade. – Beijei o André mas foi um beijo calmo e curto, só para satisfazer o meu filho. Olhei-o e estava boquiaberto.

-Quando começarmos a namorar tu vais ser o primeiro a saber mas somos quase namorados.

-E poque não namoam? – Perguntou o pequeno.

-Porque ainda não ouve um pedido. – Disse eu quase sem pensar.

-Queres namorar comigo? – Perguntou o André olhando-me olhos nos olhos.
Levantei-me, arranjei a minha roupa e falei:

-É melhor irmos embora que já é tarde. – O David agarrou-me na perna e falou:

-Mamã, mamã. – Peguei-o ao colo. – Namoa com o Gomas po mim. – Fiquei sem saber o que dizer.

-Não te compreendo. – Disse o André levantando-se. – Mas tu gostas de mim ou não?

-Eu preciso de tempo e espaço está bem? – Disse já chateada. – Podes-me ir levar a mim e ao meu filho ou já estás atrasado? – Perguntei.

-Eu levo-vos até casa. – Fui buscar as malas e o André seguiu-me. – Mas fiquem sabendo que vos adoro.

-Também goto de ti Gomas. – Disse o pequeno. – E tu mamã?

-Gosto muito, muito. – Abri a porta de casa e fomos todos juntos até ao carro.

A viagem até minha casa demorou mais tempo do que demorou antes. O rádio ficou desligado e ninguém falou durante a viagem. O ambiente era pesado. O André estacionou o carro a alguma distância do prédio porque já não havia lugar próximo e tivemos que ficar juntos durante algum tempo.
Fizemos o caminho entre o seu carro e o meu em silêncio, o David é sossegadinho mas quando estava com o André brincavam e falavam, pareciam dois meninos pequenos mas desta vez o ambiente era pesado o suficiente para nenhum deles ter coragem de falar. O David estava ao meu colo e ainda tentei fazer cócegas na sua barriga mas ele não permitiu. Já perto do carro decidi falar:

-Meninos. – O David olhou-me mas o André não o fez. – André. – Disse eu e ele olhou-me. – Vocês importam-se de me explicar o porquê de estarem assim?

-Tu és má po Gomas. E eu to tiste. – Disse cabisbaixo o meu filho, parecia que o meu coração tinha gelado.

-Acho que sabes o que fizeste amor. – Chegamos juntos ao carro e olhei o André.

-Ficaste assim tão chateado comigo André Filipe?

-Queres que te seja sincero?

-Sim, não esperava outra coisa de ti bebécas.

-O quê mamã? – Perguntou o David.

-Nada filho estava a falar com o Gomas.

-Tá bem mamã pensava que ea eu o teu amo.

-És tu e o André meu bem. Não faz mal chamar-lhe assim pois não meu amor?

-Não. Mamã podes abi o pópó paga i busca os binquedos?

-Sim. Mas fica sossegado está bem? – Abri a porta do carro e coloquei o meu filho sentado na cadeirinha e dei-lhe os brinquedos. Aproximei-me do André e ele falou:

-Eu gosto muito de ti, muito mesmo e tu dizes que também gostas mas as tuas atitudes demonstram o contrário.

-O que queres que faça? Explica-me! Queres que vá para a cama contigo e dê um irmão ao David?

-Não! Entende de uma vez que eu te amo por amor não é a amizade que já foi. É assim tão difícil assumires o que sentes? – A conversa tornou-se uma discussão.

-Está tudo muito confuso na minha cabeça preciso de tempo e espaço!

-Então eu dou-te todo aquele que precisares se quiseres até me afasto como antes.

-Não! – Disse assustada. – Eu não quero isso dá-me apenas uns dias.

-Então eu dou-te, só quero o teu melhor, o teu, o meu e o do David que também o amo muito.

-Só preciso de uns dias André, mas não quero ficar sem ti, gosto demasiado de ti para te perder! Posso só dar-te um beijinho de despedida? Quero ficar com um gosto teu… - Ele não me deixou acabar a frase, beijou-me. Pegou-me ao colo e encostou-me ao carro, foi um beijo intenso e cheio de emoção, sentido e super emotivo, foi um beijo como nunca lhe tinha dado. Despedimo-nos com a promessa de uns dias mais tarde nos cruzarmos para falarmos.

(Quatro dias mais tarde)

As saudades do André já me matavam por completo, o David perguntava constantemente pelo “Gomas”, magoava-me não o puder ver nem estar com ele. Tomei a minha decisão, e liguei-lhe para dizer que finalmente já tinha tomado uma decisão, mas não ia dizer-lhe por telefone, preferi marcar um encontro com ele e dizer-lhe pessoalmente.
Que decisão terá tomado Rita?

Será que a decisão será a mais correta? Como irá reagir ele? Como será o reencontro? 

Capítulo 20: "E são namoados?"

(Ana)

Assim que o treino a minha vontade era sair a correr dali para ir para o meu posto de trabalho para reencontrar o Rodrigo, a troca de olhares foi intensa durante todo o treino o que despertou algumas picardias com o mister e com os colegas, queria estar com ele mas ao mesmo tempo levar tudo com toda a calma, não quero iludi-lo e muito menos desiludi-lo mas por outro lado não quero entregar-me até ultrapassar totalmente o Roberto, eu sei que ele já tem a Elena e que eu e o Rodrigo sentimos algo um pelo outro mas quero que o tempo fale por si. Queria estar ao pé do meu primo lindo David e lhe demonstrar que o Rodrigo não era tão mau quando “pintava” aliás até tem-se provado uma grande pessoa e um grande homem. Mas tenho de admitir que o facto de ele me crer apresentar á família me comoveu e nós ainda nem namoramos, então como será depois de isso acontecer? Bem, o tempo assim o dirá. Ele abdicou de passar o Natal com a família para ficar em Portugal comigo, não o queria passar longe de mim, ele tornava-se aos poucos e poucos cada vez mais especial para mim, não só pelo que sinto mas pela sua forma de ser tão especial.
Perdida em pensamentos voltei para o meu posto de trabalho e passado algum tempo começou a sair o plantel aos poucos e poucos, cada um demorava o seu tempo e claro que o Rodrigo era dos últimos porque estava sempre na brincadeira com os colegas e depois ainda passava pelo local onde trabalhava para se “meter comigo”, queria deslumbrar novamente com o seu sorriso que já me deixava saudades e ouvir da sua boca nem que fosse um simples “Oi”. Cada um dos que passava sorria-me e eu sentia-me corar, nunca fui habituada a ser o centro das atenções mas claro que a minha colega estranhava e acabou por perguntar:

-Realmente podes considerar-te uma sortuda, todos os que passam aqui te sorriem, só a mim é que isto não me acontece! – Sorri. Mal sabia ela o porquê destes sorrisos ou de algumas “bocas” que ouvia. O André Almeida passou a andar e ainda disse alegremente:

-Ai o amor, ai o amor! – Senti-me corar. Não queria de todo que soubessem da minha relação com o Rodrigo, ou aliás da nossa “amizade colorida”, não que não tivesse orgulho nele simplesmente porque não queria que pensassem que era “uma devoradora de jogadores de futebol”, porque todos sabiam da minha história com o Roberto, mas com o Rodrigo era tudo diferente, eu começava realmente a gostar dele, fazia parte do meu presente e o amor com o Roberto está no passado e não tenciono remexê-lo quero mesmo que fique assim, sossegado. Chegou uma altura em que só faltava mesmo sair do plantel o meu “priminho”, o Garay e o Rodrigo.

-Não sei porque é que eles estão assim comigo tens de lhes perguntar a sério! – Disse eu fazendo-me de inocente, sabia perfeitamente mas não o queria dizer, talvez porque a minha colega não é parva nenhuma e sabia do “clima” entre mim e o Rodrigo.

-Eu acho que sei o motivo, chama-se Rodrigo Moreno. Por falar nisso onde está o menino? – Sorri. Mas a pergunta da minha colega despertou-me porque queria saber ela do Rodrigo?

-O Rodrigo? – Perguntei inocentemente.

-Não. O “menino”. – Fez aspas com os dedos. Olhei para ela e não estava a entender nada, não podia estar á espera do André, por isso queria mesmo certificar-me que era mesmo dele que procurava. – O André Gomes tonta. – Sorri, mal sabia ela que as hipóteses de ser mais que uma amiga dele eram nulas, ele e a Rita estavam perdidamente apaixonados só eles é que ainda não tinha chegado a essa conclusão.

-Porque queres saber dele?

-Porque será Ana Patrícia? É super bonito, é cá um pedaço e parece uma excelente pessoa, talvez quem saiba possamos ser mais que amigos, quem sabe…

-Tu podes tentar ninguém te impede mas aviso-te que não vais conseguir o menino está apaixonadíssimo e em breve terá namorada porque é totalmente correspondido.

-E como é que tu sabes tanto?

-Porque o menino como tu e o Jorge Jesus o chamam está completamente vidrado na minha prima e no meu priminho David. E ela também está nele não quer é admitir é teimosa ela!

-Não fazia ideia desculpa! – Nalguma coisa tinha de concordar ele era bonito mas ao lado do Rodrigo perdi-a o encanto, aquele sorriso “bobo”, aquela energia característica, a sua boa disposição até a sua maneira de ser era única! – Já cá não está quem falou! E olha que é do menino, do Garay e do Rodrigo? – No preciso momento em que ela pergunta aparece o Ezequiel, meu grande amigo e vem para junto de nós e pergunta:

-Estavam a falar de mim meninas? – Sorrimos, apesar de ele ter a Tamara não deixava de ter o seu encanto tinha de o admitir. – Se estavam deixem-se falar bem de mim porque quero ouvir o quão maravilhoso eu sou mas atenção que eu tenho a minha Tami. – Homem mais apaixonado que aquele não havia.

-Não sejas convencido Ezequiel! Não estávamos a falar só de ti estávamos a falar que tu, o André e o Rodrigo estavam a demorar um tempão.

-O André Almeida já saiu há algum tempo. – Eu sei disse mentalmente. – O André Gomes decidiu ficar a correr mais algum tempo porque nos últimos dias não tem andado muito bem, tem andado abatido e triste, não merece coitado e no final vai falar com o mister também. O Rodrigo vá-se lá saber o porquê de ter ficado mais tempo de castigo com o mister.

-Conta-me lá se faz favor que hoje a Ana decidiu não me contar nada em relação ao Rodri. – Disse num tom de voz mais fino a gozar comigo, sabia perfeitamente que era a forma carinhosa com que o tratava.

-Ela e o Rodri passaram o treino todo em sorrisinhos e a trocar olhares, claro que ninguém é estúpido e percebeu e claro ele ficou de castigo mais um bocado no treino. – Sorri, mas desta vez de vergonha.

-Isto anda muito avançado e eu não sei de nada.

-Eu depois conto-te tudo que já vi que ela anda tão apanhadinha que não anda a contar nada aos amigos. Bem mas eu agora tenho de ir que a minha mulher está a minha espera. – Apesar de estarem casados há algum tempo ele orgulhava-se muito de a chamar de “mulher”. Despediu-se de nós com 2 beijinhos a cada e foi embora. Ainda esperei mais um pouco pelo André e pelo Rodrigo, o primeiro a sair foi o meu “primo”, e ia passar por nós e nada dizer mas eu chamei-o:

-André. – Ele voltou para trás e vinha sério, vinha triste e abatido. – Explica-me por favor o que se passou que a Rita não tem andado bem mas não me conta nada. – Engoliu em seco e respondeu:

-Eu amo a tua prima e ela sabe perfeitamente disso, e também amo o David muito mas a tua prima pediu-me um tempo e eu respeito isso, mas as saudades não são fáceis de se controlar, quero muito revê-los e cada vez que te vejo lembro-me deles, ela nunca vai deixar de ser a minha pequenina sabes? E ele o piolho da minha pequena. Mas vou deixar que ela entenda o que sente por mim sozinha e mesmo senão amar eu continuarei do lado dela porque a amizade está acima de tudo.- Ele amava-a se eu tinha dúvidas elas ficaram esclarecidas depois destas palavras, ela também o amava mas havia tanto a impedi-los, mas compreendi-a amar não é fácil.

-Nestes últimos 3 dias tenho feito tudo por ela, eu e o Rodrigo tomamos conta do menino de maneira a dar-lhe tempo e espaço, perdeu a alma e o brilho característicos dela mas desde que te reencontrou que tudo está mais brilhante, causaste uma felicidade nela fora do vulgar, acho que até os olhos brilham quando fala de ti. Mas tenta entender ela vocês conhecem-se há anos, são melhores amigos e ela tem um filho… Mas tenho o feeling que não vai demorar muito tempo a descobrir o que sente por ti acredita no que te digo.

-Espero bem que sim! Desculpa mas agora tenho mesmo de ir porque o meu irmão Simão chega hoje. Manda um beijinho meu e um gosto muito deles á Ritinha e ao David. – Deu-me um beijinho na testa, já aos meus primos fazia o mesmo, quando sente algum carinho por uma pessoa assim o fazia, mas claro os beijinhos que ele e a Rita trocavam eram outros, mas o carinho especial que ele nutria pelo David era quase como de um filho, porque ele amava-a e gostava muito dele não por ser filho da Rita mas sim enquanto menino que era.
Ainda fiquei no meu posto de trabalho mais uma hora que era a altura em acabava o meu horário de trabalho, e o Rodrigo teimava em não aparecer, ainda fiquei mais um pouco á espera dele, despedi-me da minha colega que a deixei ir embora mais cedo porque queria ficar á espera dele mas ele teimava em não aparecer e ele sabia perfeitamente a hora de saída do meu trabalho, nestes últimos dias tínhamos passado os tempos todos juntos por causa do André e da Rita e por consequência fiquei quase “responsável” pelo David porque ela não tinha energia para tal, então dei-lhe todo o tempo e espaço. Ainda dei uma pequena arrumação á secretária na esperança de dar ainda mais alguns minutos para o Rodrigo aparecer, peguei na minha mala e já ia a caminho da saída quando oiço:

-Oi! – Olhei para trás e vi o Rodrigo. – Cê já vai embora sem mim? Pensava que íamos buscar o seu primo David. – Veio até junto de mim abraçou-me e deu-me um beijo na testa, claro que me queixei.

-Cê acha que isso é beijo? – Disse tentando imitar o seu sotaque brasileiro.

-Não tente imitar que o meu sotaque é melhor! – Sorri enquanto ele dizia aquelas palavras.- Quer um beijo meu? – Senti-me corar, na verdade queria um beijo dele mas não queria pedi-lo de forma tão direta. Por isso abanei lentamente a cabeça de cima para baixo e ele beijou-me, mas foi um beijo tão calmo e apaixonado que me deixei levar só acabou mesmo porque nos escasseava o ar. Apesar de já não ser o primeiro beijo nosso ainda sentia tudo como se fosse. A sua língua invadiu a minha boca e eu retribui completamente, cada vez me sentia melhor ao lado dele. Assim que nos separamos, as nossas mãos cruzaram-se umas nas outras e ficamos frente a frente, ele encostou o seu queixo á minha cabeça, eu não era muito baixa mas ao lado dele era consideravelmente pequenina, as nossas mãos continuavam cruzadas e estávamos encostados corpo a corpo, o meu coração batia descompensado, eu gostava dele cada vez estava mais certa disso mas e se eu não estivesse preparada para viver outra relação? Neste momento o que interessa é mesmo o presente e o que sinto quando ao futuro olha logo se vê, e neste preciso momento eu tenho mesmo é de ir buscar o meu priminho David, mas as forças impediam-me. O seu coração batia tão ou mais forte que o meu, ele adorava-me… Fechei ainda com mais força a minha mão na sua, fechei os olhos e encostei-me a ele, ouvia-o respirar. O meu coração cada vez batia mais rápido e descompensado, parecia que me sai-a pela boca, e ficamos assim durante algum tempo até que ouvimos um telemóvel tocar, não, por favor agora não, não quero interromper o momento com o Rodrigo!

The day I first met you

You told me you'd never fall in love
But now that I get you
I know fear is what it really was

Now here we are, so close, yet so far
Haven't I passed the test.
When will you realize
Baby i'm not like the rest” Demi Lovato - Give YourHeart a Break

Mas com aquele toque só podia ser da minha prima Rita e claro estava na hora de ir buscar o piolho por isso tive mesmo de me separar dele e ir até á mala e atender, embora não estivesse com cabeça para isso minimamente:

-Diz Rita. – A minha vontade era de desligar o telemóvel e ficar outra vez com o Rodrigo mas não podia ser.

-Que alegria e boa disposição priminha! – Disse num tom sarcástico.

-Tens andado assim nos últimos dias por isso aguenta-te! – Secalhar fui demasiado má e direta mas saiu-me pela boca sem pensar e claro arrependi-me logo e pedi desculpa. – Desculpa Rita mas não ligaste mesmo em boa altura.

-Secalhar eu merecia mesmo ouvir isso para abrir os olhos! – Fiquei espantada com as suas palavras. 

Desculpa ter interrompido o que estavas a fazer mas só queria saber se já estás com o pequeno.

-Não, estou agora a sair do Caixa com o Rodrigo e vou buscar o menino e depois vamos para casa. – O Rodrigo sussurrou-me:

-Cê e seu primo vão jantar a minha casa.

-E quem disse que eu aceitava? – Ele sorriu e eu perdi as minhas (poucas) autodefesas. – Mudança de planos, vou buscar o David e depois vamos jantar fora os 3.

-Escusado será perguntar qual é o terceiro elemento. – O Rodrigo cruzou as nossas mãos. – Também vou passear sozinha por isso até agradeço que fiquei com o menino. Ai o meu menino! – Disse a suspirar, para todos era claro que a quem a que ela se referia como o “meu menino” nesta circunstância, ao André, porque o Jorge Jesus o trata mesmo assim!

-Sim priminha já sei que estás entretida em pensamentos por isso vê lá o que fazes que eu também não sei o que vou fazer. Beijinhos pota bem que a Ana tem de ir tratar dos seus meninos!

-Xau beijinho pota bem! – Era exatamente assim que o David se despedia das pessoas no seu tom reguila mas doce típico de um menino de 2 anos. Desligamos a chamada e aproximei-me outra vez do Rodrigo e fomos buscar o piolho. No carro dele, isto porque até já tinha comprado uma cadeirinha de bebé para o seu carro para transportar o pequeno. O caminho foi feito entre momento de silêncio comprometedor entre nós e momentos de pura brincadeira, perdidos em brincadeiras ou até mesmo numa música que passou na rádio que conhecíamos e só pelo tom era bastante divertida:

One, two, one, two, three

Oh yeah yeah
Oh yeah yeah yeah

Ooh!


Oh yeah yeah


Oh yeah yeah yeah


Ooh!


Never had much faith in love or miracles
Never wanna put my heart on the line

But swimming in your world is something spiritual


I'm gonna get every time you spank the night (Bruno Mars Locked Out Of Heaven)

Acabei por ir buscar o pequeno enquanto ele ficou no carro para não ser reconhecido, ele gostava que o conhecessem porque era sinal que tinha ficado preso á memória dos benfiquistas mas para preservar o pequeno, tinha medo que fosse alvo de chacota, afinal não era todos os meninos que podiam dizer que conheciam o Rodrigo Moreno do Benfica e conviviam com o “menino” André Gomes. Voltamos para o carro e o menino ficou muito alegre assim que lhe disse que íamos jantar com o Rodrigo, e assim que o viu deu-lhe muitos beijinhos e abraços talvez já começasse a gostar dele… Quem sabe?! O Rodrigo começou a conduzir em direção a sua casa que para mim também era incógnito o local, o rádio ia desligado porque o David muito falava connosco, entre perguntas que nos deixavam sem respostas e momentos de diversão acabou por dizer:
-Godigo culpa po eu te dito que não gotava de ti eu goto muito tu és divetido quia só binca contigo! Desculpas? – Melhor frase vinda daquele menino não podia ter havido, ele tinha mesmo o dom de me surpreender!
-Sim mas cê tem de prometer que toma conta da sua prima por mim! – Sorri.
-Pometo! Vamos toma conta da piminha que ela não tem juízo! – Não conseguimos não sorrir os 3.
-Pima tu e o Godigo dão beijinhos á pocos como a mamã e o Gomas? E são namoados? – O silêncio apoderou-se daquele carro, não sabíamos o que responder, eu e o Rodrigo trocamos um curto olhar cúmplice porque não sabíamos o que responder e ele conduzia o carro. Dei permissão ao Rodrigo para responder e ele assim o fez…

Que terá respondido Rodrigo?
Que impacto terá na vida deste “casal”? Como será que David reagirá?